“Me sentia como macaco no zoo”, diz Glória Maria sobre racismo em clube
Apresentadora participou do Conversa com Bial nesta segunda e detalhou um passeio com José Roberto Marinho, seu ex-namorado
atualizado
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Primeira convidada do programa Conversa com Bial, que retornou à Globo nesta segunda-feira (18/5), Glória Maria falou sobre o racismo que sofreu quando namorava José Roberto Marinho, herdeiro de Roberto Marinho, fundador da TV Globo.
Bial, que é biógrafo de Roberto, citou uma biografia posterior à sua que cita uma manifestação racista do herdeiro contra Glória, que na época era repórter da emissora. José Roberto e Glória namoraram e até moraram juntos por um tempo.
O livro O Poder Está no Ar, do jornalista Leonêncio Nossa, revela que José Roberto conta que seu porteiro esteve no Country Club do Rio de Janeiro com o filho e sofreu preconceito dos sócios do local. Assim, decidiu levar Glória ao mesmo local no dia seguinte para enfrentar o ambiente racista.
Bial questionou para Glória: “Foi assim mesmo?”. Ela respondeu: “Foi assim. Uma coisa que nunca falei, levei um susto quando vi isso no livro, não sei como foi com o menino, mas com nós foi horrível. O clube inteiro olhando aquela mesa, eu não sabia o que fazer, e não entendi direito a maluquice que era o camping. E eu: ‘José, vamos embora, todo mundo olhando pra gente’. E eu não sabia ser era só porque eu era negra ou se era também porque ele era o filho de Roberto Marinho, mas foi um dos momentos mais ruins, mais desagradáveis da minha vida, me sentia como um macaco no zoológico, todo mundo ali, esperando a hora de dar uma banana”.
Quando o assunto é o trabalho, Glória afirmou que sofreu perseguição de João Figueiredo, quando ainda presidente da República. “Ele não me suportava. Quando ele foi indicado, a gente foi fazer a famosa fala dele na Vila Militar, em que ele dizia: ‘Para defender a democracia, eu bato, prendo e arrebento’. Eu sou muito boa em português, e ele citou uma coisa da gramática que não existia mais, e eu disse: ‘Presidente, o senhor me desculpa, mas isso que o senhor citou não existe mais’. Ah, Pedro… ‘Tira essa mulher daqui’, ele gritava, e eu saí dali escorraçada, e passei a ser o horror do general Figueiredo. Quando ele chegava, ele falava: ‘Tira aquela neguinha da Globo daqui’.
Glória ainda comentou que o Brasil não está mais racista como era antigamente e disse que, quando começou a apresentar programas na emissora, “as pessoas diziam: ‘Ah, ela tá apresentando agora por causa do movimento negro'”.
Além disso, Glória ainda comentou no programa sobre o tumor no cérebro que ela descobriu no ano passado e disse estar bem melhor. Ela também falou sobre a perda da mãe, Edna Matta, aos 89 anos.