A defesa do ex-diretor do departamento de humor da Globo, Marcius Melhem, se manifestou sobre o convite feito pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, às atrizes e roteiristas que o denunciaram por assédio sexual.
Em nota assinada por seus advogados, Melhem diz que “estranha o fato de o Ministério das Mulheres desse Governo que sempre clamou pelo devido processo legal e pela presunção de inocência receba mulheres que se dizem vítimas do ator que sequer é réu”.
“Os fatos ainda estão em fase de investigação, na qual a versão das supostas vítimas vem sendo desmontada por farto material probatório. Marcius Melhem, que foi o primeiro a procurar a justiça para contestar as injustas acusações que lhe foram atribuídas, continua acreditando no judiciário e no estado democrático de direito”, completa o texto.
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Em dezembro de 2020, a Revista Piauí publicou uma matéria sobre o caso de assédio sexual e moral envolvendo Marcius Melhem. A reportagem traz detalhes de como era o comportamento do humorista nos bastidores da emissora
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O ator Marcius Melhem, acusado de assédio sexual
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De acordo com a investigação, entre 2010 e 2019, o humorista teve comportamentos impróprios e inadequados em diversas ocasiões, nos mais variados locais, entre eles, os Estúdios Globo
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No texto, a publicação descreve um episódio em que Melhem teria agarrado e tentado beijar uma atriz de Tá no Ar à força, num flat da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro
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A atriz é uma das oito mulheres – todas ex-subordinadas de Melhem na Globo – que acusaram o humorista de assediá-las sexualmente e, em alguns casos, moralmente
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Uma delas contou que no flat em que a Globo alugava para funcionar como redação do núcleo de humor, Melhem recebia atrizes de “cuecas, com as calças abaixadas ou sem calças”
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Outra disse que ele a chamava de “piranha” e propunha ter relações sexuais com as colegas de trabalho. Mais de uma das vítimas disse que foram profissionalmente boicotadas por terem resistido às investidas sexuais do artista
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Dani Calabresa foi uma das atrizes que acusou Marcius de assédio moral e sexual. Ela alega que desde que entrou na emissora, em 2015, sofreu diversos assédios e boicotes por parte de Melhem, que era seu chefe na época, como coordenador do Departamento de Humor
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Após as acusações de Calabresa, no final de 2019, o caso passou a ser investigado nos bastidores da emissora. Daniela Ocampo, auxiliar de Melhem, mobilizou a equipe de humor para assinar uma carta de apoio ao diretor, com 55 signatários
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Em março de 2020, a Globo emitiu uma nota afirmando que Marcius seria afastado das suas funções por quatro meses para acompanhar um tratamento da filha no exterior
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Após se passarem os meses de afastamento, a emissora emitiu outra nota comunicando a saída definitiva do diretor de humor. Porém, não houve nenhuma menção aos crimes que ele teria cometido
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Marcius Melhem
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Segundo ele, as mulheres se juntaram a outras colegas com o objetivo de destruir sua reputação. Na opinião dele, trata-se de vingança profissional e até passional em um dos casos
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O caso ainda não tem previsão para ser encerrado e segue sendo investigado. Melhem, por decisão da Justiça, está proibido de tentar contato com as vítimas que o acusam e divulgar conversas privadas que tenha mantido com elas
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Entenda
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, convidou para uma reunião as atrizes e roteiristas que denunciaram o ex-diretor do departamento de humor da Globo, Marcius Melhem, por assédio sexual. O encontro está marcado para a próxima terça-feira (4/4), em Brasília. A informação, inicialmente publicada por Mônica Bergamo, foi confirmada pelo Metrópoles.
As atrizes Dani Calabresa, Georgiana Góes, Maria Clara Gueiros, Veronica Debom e Renata Ricci, as roteiristas Carolina Warchavsky e Luciana Fregolente e a diretora Cininha de Paula já confirmaram presença na reunião.
De acordo com os entrevistados, a decisão de quebrar o silêncio foi motivada por um processo de retimização, em que as vítimas passaram a ser alvo de informações falsas e comentários constrangedores.