Irene Ravache: “Estamos vivendo situações de muito conflito e ódio”
Em entrevista ao Metrópoles, a atriz falou sobre política, dramaturgia e espiritualidade
atualizado
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Irene Ravache, no ar na novela Espelho da Vida, utiliza a doutrina espírita para tentar entender o momento pelo qual passa o Brasil. “Estamos vivendo situações de muito conflito e ódio. De repente, a coisa pode ir por um caminho muito extremo: ou você é a favor da arma ou é alienado. Se você pensar diferente de mim, a primeira coisa que faz é me desclassificar”, aponta a atriz.
O espiritismo entrou na vida de Ravache por conta de uma intensa busca em compreender seu lugar no mundo e, também, pela participação em novelas baseadas nas crenças religiosas. “Agora, tenho tido muita curiosidade. Mas isso é para crescimento pessoal”, conta.
Em entrevista ao Metrópoles, a atriz falou sobre política, dramaturgia e também sobre suas crenças em relação à morte.
Confira:
Como atriz, você se identifica mais com a postura da Margot ou com sua última personagem, em Pega Pega?
Eu me identifico muito com a Margot. Nós temos muitos pontos em comum. Gostamos de crianças e somos acolhedoras com os amigos. Ela é mais espiritualizada, mas passei a ter um grande interesse nisso depois de Além do Tempo.
É sua terceira novela com a Elizabeth Jhin. Como é fazer mais um trabalho com a autora?
Em Além do Tempo, a Condessa era uma mulher muito autoritária, amarga, centralizadora e não tinha nenhuma generosidade. A Margot é solar, doce, espiritualizada. Muito diferente.
Além de doce, o que mais você pode falar da Margot?
Ela é aglutinadora, mas tem posições fortes. Se tiver que brigar por suas convicções, vai fazer isso. Mas nunca bateria de frente.
Com relação à espiritualidade, você estudou alguma coisa?
Eu andei lendo, mas não para esse trabalho, ao longo da vida. Inclusive, o último livro que li a respeito foi uma biografia do Alan Kardec feita por um jornalista. É bem interessante sob o ponto de vista da pesquisa. Fiquei muito impressionada quando comecei a ver como ele se interessou. Era um médico e se aprofundou muito, a ponto de criar uma filosofia de vida. Agora, tenho tido muita curiosidade. Mas isso é para crescimento pessoal. A Elizabeth municia muito a gente, dá bastante conteúdo e é muito clara nas suas orientações.
Chegou a ir a um centro espírita?
Todo brasileiro já foi um dia a um centro espírita. Tanto de mesa branca como umbanda.
Você tem curiosidade de saber o que acontece depois da vida?
Eu não quero saber o que vai acontecer.Deve ser uma coisa tão avassaladora e tão única, não gostaria de antecipar isso. Como um filme, quero saber na hora. Eu fiz terapia, conheci e pude conviver um pouco com o psiquiatra judeu Flávio Gikovate. Um dia, ele me falou a respeito de um caso envolvendo um casal e a filhinha. Disse: “Irene, eu não encontro uma explicação para isso, a não ser uma regressão a outra vida”. Se um homem tão dedicado à ciência deixa uma sugestão, se teve uma abertura para esse tipo de canal, por que eu não?
Você já teve um déjà vu?
Todos nós já tivemos um dia. Eu acredito. Uma sensação não só de ter estado naquele lugar, mas de ter vivido aquela situação. Não vou saber te dizer um caso específico, mas dura segundos. Veneza, na Itália, é uma cidade que mexe muito comigo. Quando fui pela primeira vez, em uma viagem de trem, quando parou na última estação antes do destino final, meu marido foi me falar alguma coisa e eu pedi para ele se calar.
E depois?
Quando nós descemos, tive uma sensação de medo. Eu me agarrei nele a ponto de não largar o braço. Entramos no quarto do hotel e eu não o largava. No dia seguinte, eu me levantei e era outra sensação. Eu me lembro de, antes de abrir a janela, falar para ele que iríamos ver um pátio e uma fonte. Mas você ter um pátio e uma fonte em Veneza é comum…
É um tema que as pessoas gostam, né?
Acho que gostam porque estão tendo necessidade de uma esperança. Estamos vivendo situações de muito conflito e ódio. De repente, a coisa pode ir por um caminho muito extremo: ou você é a favor da arma ou é alienado. Se você pensar diferente de mim, a primeira coisa que faz é me desclassificar.