Humberto Carrão revela dificuldade de viver Caco Barcellos em Rota 66
O ator foi selecionado para viver o jornalista na produção, que tem estreia marcada para a próxima quinta-feira (22/9)
atualizado
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O livro Rota 66, de Caco Barcellos, está prestes a virar uma série na Globoplay, com estreia em 22 de setembro. Para viver o jornalista, o ator selecionado foi Humberto Carrão. O artista revelou que foi com o escritor ao morro e que observou como ele agia nos bastidores para construir o personagem. Entretanto, o protagonista revelou algumas dificuldades para a construção do profissional na produção.
“O fato do Caco não ser um personagem do livro. Tiveram muitos momentos de conversa do Caco com os roteiristas, diretor, produtor, para que pudesse entender mais sobre a vida dele, para que algumas pequenas notas da vida dele pudessem ser amplificadas e virassem questões do personagem”, explicou.
Pesquisa de campo
Para dar vida a Caco, Humberto Carrão acompanhou o jornalista em uma apuração no Complexo do Salgueiro e participou ativamente da ação. “Tem uma questão na série muito importante, que ele tem muita dificuldade de achar um sobrevivente, porque se trata de uma perseguição aos jovens negros e o personagem chega na cena um pouco depois de ter acontecido”, contou.
“É muito complexo, muito triste, muito violento. Enquanto o Caco estava entrevistando uma mãe, eu ouvi comentários de que houve Tróia, uma prática inconstitucional na qual o policial se esconde na mata ou em uma casa e espera o jovem passar. Os dois jovens foram presos, não foram mortos, mas estavam com projéteis no chão, mães desesperadas”, explicitou.
O ator revelou como construiu o personagem. “Foram horas de Caco, eu enchi ele de perguntas, queria saber quais livros que eles estavam lendo e fui atrás para entender o que passava na cabeça dele, percebi a maneira como ele segurava o microfone, tinha essa coisa do olhar, da respiração. Foi tudo muito importante para o personagem e para mim como cidadão. Eu quis me aproximar muito do Caco”, finalizou.
O livro
“O que pode se esperar é o olhar dessa violência do estado contra os trabalhadores de baixa renda sob o olhar das vítimas. Há outras produções que mostram o olhar e a razão da polícia, focado nas ações violentas a partir de quem dispara o gatilhos. No livro e na série do Rota, o que importa é esse mergulho na vida de quem tem a sua família destruída por essas ações”, contou Caco Barcellos.
Caco Barcellos revelou que pretendia partir de apenas uma história, mas que foi surpreendido com tantas causas semelhantes. “Eu imaginava, ao construir a história, e sobretudo a investigação, que as situações eram tão injustas e tão brutais. Eu queria escrever o livro a partir de uma história só, ser um romance de não-ficção”, recordou.
Sobre o lançamento da produção, o jornalista revelou que tem grandes expectativas.
“Durante o processo de apuração, eu me imaginava fazendo um roteiro para o cinema, para uma série. Eu me recordo de andar nas comunidades e, sempre que eu encontrava uma vítima das ações, eu tentava captar os diálogos e todos os detalhes, tentando construir um futuro roteiro”, completou.