Ex-cantores do The Voice contam como é a vida após reality da Globo
Léo Pain, Renato Vianna, Marvvila e Samantha Ayara conversaram com o Metrópoles e revelaram bastidores e mágoas com o programa
atualizado
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A Globo iniciou nova temporada do The Voice Brasil no dia 26 de outubro. Todos os anos, artistas de diversas regiões do país se arriscam no reality musical em busca de reconhecimento nacional e sucesso no competitivo mercado fonográfico brasileiro. Mas o que acontece quando o público elege o vencedor e as câmeras são desligadas? O Metrópoles apurou e descobriu que nem todos guardam apenas boas memórias do programa.
É o caso de Samantha Ayara, campeã da sexta temporada, em 2017. A cantora revelou não ter recebido o apoio que esperava para seguir o sonho. “O gerenciamento de carreira não aconteceu. Eu tive a gravação do EP pela gravadora Universal, mas eu não tive quem me orientasse”, conta. Na época com apenas 19 anos, a artista nunca tinha cantado profissionalmente até subir no palco da emissora carioca e a falta de experiência e direcionamento fez com que ela perdesse as oportunidades pós-The Voice.
“Num dia eu estava na minha casa, cantando para as minhas plantas e, de repente, o Brasil todo me assistia. Eu não estava inserida nesse universo e, para mim, era muito difícil. Como eu ia montar um cachê? Ou selecionar um repertório, se eu nunca tinha feito um show?”, questiona Samantha. “As coisas boas aconteceram, mas eu não soube aproveitar”, completa.
A frustração fez com que Samantha enfrentasse um período de tristeza profunda. “Eu só conseguia pensar no quanto eu estava fracassando. Eu me culpava por não saber o suficiente… se não fosse Deus e a minha família, eu nem sei se eu estaria aqui. Cheguei ao ponto de não querer viver mais”, lembra, aos prantos.
Agora, Samantha encontrou no curso de enfermagem uma maneira de se doar ao próximo e encontrar um novo sentido para a própria vida. “Me apaixonei profundamente pela área da saúde. Faço estágio em um hospital de Belo Horizonte, eu tive a oportunidade de passar pelo SUS. E é muito gratificante. Por mais que tenha tantas feridas, me permitir ser a resposta da oração de alguém, ser o alento de alguém. Sou muito grata a Deus por colocar esse propósito no meu coração”, considera.
Marvvila não venceu a competição quando integrou o elenco em 2016, na quinta edição. Contudo, a artista natural de Bento Ribeiro, subúrbio carioca, soube aproveitar a visibilidade conquistada com a atração global. Fora da competição, a cantora abandonou os hits internacionais que a projetaram no reality e começou a gravar vídeos cantando as músicas de Ferrugem e Péricles. Os covers caíram no gosto popular e nas mãos de Ludmilla, que a convidou para um dueto em Não é Por Maldade.
“O The Voice foi o começo de tudo, ele abriu portas para mim e eu não poderia parar por ali. Eu ia para os lugares e pedia para cantar. Eu corri atrás mesmo sem vergonha, e graças a Deus muitas pessoas me abraçaram, foram generosas comigo”, recorda a cantora que, de lá para cá, vem se firmando no gênero predominantemente masculino.
“No começo, eu enxergava isso [o machismo] como uma barreira, justamente por ter entrado em mim essa coisa que [o pagode] era lugar de homem. Mas aos poucos eu fui trabalhando isso, porque vi que era uma coisa que eu amava fazer e que as mulheres sentiam falta dessa representatividade”, explica.
Aos 22 anos, a cantora assinou contrato com a Warner Music Brasil e, em outubro deste ano, gravou o primeiro álbum com participação de grandes nomes do samba e do pagode como o cantor Belo, Dilsinho, Xande de Pilares e os grupos Sorriso Maroto e Di Propósito. Além dos funkeiros PK, MC Don Juan e MC Rebecca. “Foi um sonho realizado. Um divisor de águas na minha vida. Quero rodar o Brasil com a turnê”, ressalta.
A vitória mais recente foi o convite de Carlinhos Brown para dividir os vocais em Rua É, composição do baiano em parceria com Pierre Onassis e teve o clipe oficial lançado no dia 29 de outubro. “A gente já conversava bastante nos bastidores do The Voice. Ele é incrível, é a mesma pessoa que você vê em frente às câmeras, cara do bem, da energia boa. Quando recebi o convite, eu pensei ‘só acredito vendo’. Achei surreal”.
O gaúcho Léo Pain já tinha uma trajetória musical de 17 anos, quando participou do The Voice Brasil, em 2018. Enquanto superava os desafios das audições às cegas, batalhas e votação popular — até se tornar o campeão da temporada—, o artista conquistou seu principal objetivo ao se inscrever para o show de talentos: romper as fronteiras do Rio Grande do Sul e levar sua voz para outras partes do Brasil.
Além do prêmio em dinheiro, Pain ganhou um EP e um contrato de três anos com a Universal Music. Umas das canções do álbum, Perdido e Apaixonado, gravada em parceria com o técnico Michel Teló, ultrapassou 2 milhões de views no YouTube e rodou as rádios do país em 2019.
“Minha carreira é um antes e depois do The Voice. Eu só tenho coisa boa para falar da Globo. Assim que eu saí de lá, nos primeiros 90 dias eu cheguei a fazer 73 shows. Em relação à gravadora, também foi uma experiência muito legal. Não ficou na promessa, eles realmente investiram na divulgação”, reconhece o cantor, que acaba de assinar o destrato com a empresa e que, a partir de agora, conduzirá a vida profissional de forma independente.
Como todos os profissionais do ramo do entretenimento, Léo Pain sangrou com a chegada da pandemia da Covid-19 em 2020. O músico teve que paralisar projetos, com excessão de algumas lives, e aproveitou o período de isolamento social para selecionar repertório novo. “Pretendo gravar um EP com seis músicas, lançar elas nos streamings no início do próximo ano. A nossa luta é vencer um leão por dia. Deus vai me recompensar como me recompensou em 2018”, considera.
Renato Vianna já havia participado do Jovens Talentos, do Programa Raul Gil, em 2010, e gravado dois CDs, Para Sempre (2011) e Estrangeiro (2013), quando resolveu tentar a sorte em mais um reality show musical. Também do time de Michel Teló, o cantor venceu a quarta temporada do The Voice Brasil, transmitida pela Globo em 2015.
Mesmo já sendo conhecido, o artista avalia que a competição global o alavancou para sonhos ainda maiores. “Foi uma experiência totalmente diferente. Desde então minha vida só tem melhorado, só coisas boas têm acontecido”. Com a vitória, ele ganhou R$ 500 mil e um contrato de três anos com a Universal Music que resultou em dois álbuns, Sua Arte (2016) e um acústico, em 2018.
“Eu não me arrependo jamais de ter participado do The Voice, inclusive saudades”, brinca Renato, que garante aceitar o convite caso a emissora carioca decida fazer uma temporada do The Voice Brasil apenas com os vencedores de cada edição. “Eu já imaginei muito isso, você não tem noção. Eu iria certeza absoluta”. salienta.
O músico também aproveitou o hiato nos shows, imposto pelas regras de distanciamento, para pensar no repertório inédito de um álbum que deve chegar às plataformas de streaming no primeiro semestre de 2022. Depois de viralizar com o cover pop rock de João de Barro, Renato vem focando a carreira no sertanejo.
“Eu costumo falar que eu gosto de música. Se um dia bater na minha cabeça que eu vou cantar funk, eu vou cantar. Eu não tenho aquela coisa de que eu preciso tocar um mesmo ritmo para sempre. Mas hoje eu estou mais no sertanejo, aprendi a amar demais, e é uma música que tem muitas influências”, avalia o ex-The Voice, que sonha em fazer parcerias com nomes como Bruno & Marrone e Gusttavo Lima. Atuamente, ele faz shows, todos os domingos, no Bar das Patroas, em São Paulo.
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