Estreia “Um Contra Todos”, primeira série de Breno Silveira para TV
Com Júlio Andrade à frente do elenco, produção conta a história real de um sujeito que vai preso ao ser confundido com um líder do tráfico
atualizado
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Advogado simplório, pai de família, o franzino Cadu (Júlio Andrade) é preso sob a acusação de ser “o Doutor do tráfico” — a polícia encontra 1 tonelada de maconha em sua casa. Preso, ele alega inocência, mas logo será forçado a honrar a fama que lhe protegerá dentro da cadeia.
Assim é “Um Contra Todos”, primeira série para a TV de Breno Silveira, diretor que fez bilheteria nos cinemas com “Dois Filhos de Francisco” e “Gonzaga — De Pai Para Filho”, com produção da Conspiração.
Em oito episódios, o enredo, fruto de uma história real contada ao diretor, estreia nesta sexta (17/6), às 23h, na Fox Action, canal do premium Fox+, e na segunda-feira (20/6), às 22h30, pelo Fox básico, no Brasil e em toda a América Latina.
Poder de escolha
Rodado no Instituto Nise da Silveira, no Rio, o enredo promove uma reflexão do poder de escolha do ser humano e de sua infinita capacidade de se adaptar diante das necessidades de sobrevivência. O que mais surpreendeu o elenco foi a disposição de Breno em filmar todo o roteiro em ordem cronológica.
Normalmente, todas as cenas de um mesmo cenário ou locação são gravadas em sequência, independentemente do script, para depois serem distribuídas na montagem e edição. “Todos os meus filmes são cronológicos”, confirma Breno. “Você vê o Julinho no primeiro episódio e no último, o corpo dele se modificou, o jeito, o rosto, tudo se modificou.”
E não demora mais para gravar? “Demora muito mais tempo, é uma encrenca para a produção, eles me xingam, mas ainda sou um cara que vem da fotografia, sou apaixonado pelos atores. Tenho um tesão muito grande nesse processo deles”.
Tem gente que filma o fim do filme no começo — não sei como é isso. A filmagem cronológica traz o tempo de convivência entre eles na cadeia. Sempre quis fazer esse drama humano, o que me interessa são os personagens, esse negócio de trama acho um saco
Breno Silveira, diretor
Malhação na cadeia
Júlio Andrade, que já foi protagonista de Breno em “Gonzaga — De Pai Para Filho”, reconhece o efeito da filmagem cronológica. “É fascinante gravar nesse sistema”, diz. “No decorrer da série, comecei a malhar dentro da cadeia, como se ele não tivesse o que fazer, e fui ganhando mais massa muscular.”
Cadu é pai de um garoto e a mulher, Malu (Júlia Lanina), está grávida do segundo filho quando ele é preso. A partir dali entram em sua vida personagens como Demóstenes (Adriano Garib), o corrupto diretor do presídio, um apresentador sensacionalista de TV (Stepan Nercessian), que põe pilha na prisão de Cadu e o verdadeiro “doutor do tráfico” (Roberto Birindelli).
O elenco da série conta ainda com Roney Villela, Adelino Lima, Sacha Bali, Thogun Teixeira, Silvio Guindane e uma participação de Renata Frisson, a Mulher Melão, no papel de uma prostituta.
História real
Desde “Dois Filhos de Francisco”, conta Breno, muita gente o procura para que ele “filme” suas histórias. “Um Contra Todos” é uma dessas. A trama do sujeito inocente preso como traficante é real, diz, mas quase todo o resto é ficção. A segunda temporada, já certa para o ano que vem, será puramente fictícia
O diretor pegou gosto pela coisa. Além da próxima safra de “Um Contra Todos”, já tem outra série engatada com outro canal, ainda mantida sob sigilo. Na opinião de Silveira, o cinema começou a ficar tão preocupado com o que é ou não do gosto do público, que os roteiros começaram a ficar muito engessados. “No mundo todo, as coisas boas e mais inteligentes estão migrando para as séries e deixando o cinema”, diz.
“O que eu não esperava era essa leveza: um filme toma dois, três anos — “Dois Filhos” foram quatro. Aqui, não, tem uma liberdade maior, pode-se criar mais no set, é mais rápido e a gente filma de outra forma. Adorei!”.