Especial natalino da Globo celebra Brasília e artistas locais

Pelo terceiro ano consecutivo, a Globo preferiu uma produção completamente local para o especial de Natal. Realizado por produtores, autores, elenco e direção do Distrito Federal, Fuga de Natal será exibido neste dia 24/12, logo após o Jornal Hoje.

O especial, escrito por Davi Mattos, Gui Campos e Santiago Dellape, conta a história de João Pedro, pioneiro da construção da capital que se sente esquecido, e de Leon, um ator que vive recordando os dias de glória no palco. Veteranos no Rancho dos Velhinhos, os dois disputam a atenção da recém-chegada Judite, deprimida com o primeiro Natal longe de sua maior paixão: cantar no coral da igreja em Planaltina. Os rivais se unem para executar um improvável plano de fuga e tentar devolver a alegria para a amada. Juntos, os três cruzam o DF para fazer as pazes com o passado e viver um Natal como nos velhos tempos.

Crítica

Em exibição única, restrita a convidados, a Globo Brasília promoveu a pré-estreia do filme na primeira semana de dezembro, no Pier 21. O Metrópoles esteve lá para conferir o especial, dirigido por Gui Campos. À primeira vista, o enredo de Fuga de Natal abusa dos elementos típicos desta época do ano. A ordem, em se tratando de tevê aberta, não poderia ser outra: emocionar os espectadores. O diferencial fica por conta justamente da regionalização, que convida o público para uma relação ainda mais afetiva com o material. Núcleo Bandeirante, a Rodoviária do Plano Piloto e Planaltina, por exemplo, serviram como locações.

Apesar de algumas “soluções” práticas do roteiro, que não comprometem a experiência do entretenimento, a produção acerta ao celebrar Brasília não somente como pano de fundo dessa jornada, mas também ao elencar um elenco brasiliense que representa a própria história artística da capital federal. E, talvez, esteja aí o grande triunfo de Fuga de Natal.

O trio protagonista traz os experientes Chico Sant’Anna, Paula Passos e João Antonio (responsável por uma das melhores cenas, na Praça dos Três Poderes), nomes máximos do teatro e cinema candangos. Eles ganham o reforço de figuras conhecidas e queridas da classe artística, como André Deca, Andrade Júnior, Jonathan Andrade e Ana Luiza Bellacosta, com direito a participações mais do que especiais de Murilo Grossi e Bidô Galvão.

Os espectadores, de forma geral, ganham um simpático especial capaz de mexer com as emoções, ainda mais antecedendo a noite de Natal. É louvável a iniciativa de se produzir cinema em Brasília, e ter a cidade como linha narrativa. Aqueles mais íntimos do cenário local, inclusive, recebem um presente extra: a chance de saudar artistas cujas bagagens, experiências e qualificações deveriam ser festejados nacionalmente e a todo tempo.