Entenda a polêmica envolvendo o especial de Dave Chappelle na Netflix
Funcionários do streaming paralisaram os serviços após The Closer e foram apoiados por manifestações na frente da sede da Netflix
atualizado
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A Netflix lançou, no dia 1º de outubro, o especial de humor The Closer, com Dave Chappelle. Em menos de um mês, a produção teve mais de 10 milhões de visualizações, mas é alvo de protestos da comunidade transgênera e de ativistas LGBTQIA+.
No especial, o humorista faz piadas ofensivas. Ele compara mulheres trans com o uso de Blackface, faz piadas sobre matar uma mulher e esconder seu corpo em um carro e usa termos como “socar a comunidade LGBTQIA+ bem na AIDS”. Mas Chappelle não se importa muito com o politicamente correto, visto que, no passado, já foi acusado de fazer piadas com pessoas trans.
O especial gerou conflitos dentro do streaming. Funcionários trans da Netflix iniciaram uma greve virtual, nesta quarta-feira (20/10), na qual abrem mão de qualquer produção para a Netflix, dedicando o tempo para apoiar projetos da comunidade trans e realizar doações para instituições de caridade.
Um dos líderes do grupo responsável pela paralisação foi demitido pela empresa e gerou uma revolta ainda maior. A atitude foi o estopim para que centenas de manifestantes se reunissem em frente aos escritórios da Netflix, em Los Angeles, nesta quarta-feira (20/10), para apoiar a greve virtual.
O organizador do protesto, Ashlee Marie Preston, entregou uma lista com todas as demandas dos participantes do comício. Dentre os pedidos estão a remoção de todas as referências à Chappele no local de trabalho, uma declaração oficial reconhecendo o erro, maior investimento no conteúdo transcentralizado, adição de uma isenção de responsabilidade ao The Closer e a promoção de pessoas trans para cargos de liderança na empresa, incluindo diretores e vice-presidentes.
A pessoa demitida, não identificada, compartilhou que a Netflix gastou US$ 24,1 milhões no The Closer e US$ 23,6 milhões em Sticks & Stones, especial de Chappelle de 2019. Para efeito de comparação, a empresa gastou US$ 21,4 milhões em Round 6, o maior lançamento de série da Netflix.
A empresa definiu a atitude como vazamento de dados confidenciais, ato justificável para a demissão. “Entendemos que este funcionário pode ter sido motivado pela decepção e mágoa com a Netflix, mas manter uma cultura de confiança e transparência é fundamental para nossa empresa”, disse o streaming, em nota.
O diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, reconheceu que “estragou tudo” ao escrever memorandos negando que a comédia especial de Dave Chappelle fosse transfóbica, mas negou os pedidos para retirada do lançamento do serviço de streaming.
Além disso, a empresa se posicionou, em um comunicado, sobre possíveis novas saídas. “Respeitamos a decisão de qualquer funcionário que opte por sair e reconhecemos que temos muito mais trabalho a fazer tanto na Netflix quanto em nosso conteúdo”.
Como defesa, Dave Chappelle, negro e protagonista de The Closer, disse que “gênero é um fato” e acusou as pessoas LGBTQIA+ de serem muito sensíveis. Depois, afirmou que gays brancos “são minorias até que precisem ser brancos novamente”, e que as comunidades LGBTQIA+ têm feito progressos que os negros não têm há décadas.
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