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“Dois Irmãos” chega à tevê com muito lirismo e bela fotografia

A minissérie conta a história de um casal descendente de libaneses que vive em Manaus (AM) e tem que lidar com o ódio entre os dois filhos

atualizado

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TV Globo/Divulgação
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1 de 1 dois irmãos 4 - Foto: TV Globo/Divulgação

“A casa foi vendida com todas as lembranças, todos os móveis, todos os pesadelos”. Essa frase, trecho do poema “Liquidação”, de Carlos Drummond de Andrade, funciona como ponto de partida para a nova minissérie da Rede Globo “Dois irmãos”, que estreia nesta segunda-feira (6/1).

Em 10 capítulos, o espectador encontra uma bela fotografia, muito lirismo e uma trama tão rica e complexa quanto a história da sociedade brasileira. A narrativa se fecha sobre um casal de descendentes libaneses, Halim e Zana, que vive num casarão histórico de Manaus (AM) entre os anos 1920 e 1980.

Juntos, eles são obrigados a lidar com o ódio entre os gêmeos Omar e Yaqub – num conflito tão profundo que aponta para a derrocada do clã – e o nascimento de Nael, filho da índia Domingas (que trabalha como doméstica na casa) com um dos irmãos (iremos evitar o spolier por aqui).

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Quem comanda a obra televisiva é o diretor Luiz Fernando Carvalho, responsável também pela novela “Velho Chico”, que foi ao ar entre março e setembro de 2016. Como é de se esperar, há semelhanças latentes entre as duas produções. Assim como a atração exibida no ano passado, a fotografia de “Dois Irmãos” tem personalidade própria na tela. O verde da Floresta Amazônica, os móveis do casarão desgastados pelo tempo e o suor nos corpos dos personagens parecem ganhar vida e falar mais alto do que qualquer diálogo em cena.

Para além de nomes famosos da Rede Globo, como Juliana Paes, Antonio Calloni, Antonio Fagundes e Cauã Reymond, atores pouco conhecidos se destacam. É o caso de Gabriella Mustafá (a jovem Zana), Matheus Abreu (Yaqub e Omar na adolescência) e Zahy Guajajara (a índia Domingas, adolescente).

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Construção
“Dois Irmãos” é baseado no livro homônimo de Milton Hatoum. A minissérie faz parte do projeto global Quadrante, que busca afastar as produções do eixo Rio–São Paulo e recriar clássicos da literatura. A iniciativa foi responsável por adaptar romances como “A Pedra do Reino”, de Ariano Suassuna, e “Capitu”, de Machado de Assis. Ambos foram ao ar em 2007 e 2008, respectivamente.

Consagrado pela crítica literária, “Dois Irmãos” é visto como o verdadeiro retrato de um país em formação. “O sobrado é uma metáfora do país, do sistema ora patriarcal, ora matriarcal, das leis que regem os afetos e o poder, dos opressores versus oprimidos, da formação do Brasil, da mistura do índio com o imigrante”, explicou Luiz Fernando.

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Sobretudo, é no ódio entre os dois irmãos que a obra – tanto literária quanto televisiva – revela todo seu lirismo, evocando histórias contadas no passado, como a de Caim e Abel, da Bíblia, e a de Pedro e Paulo, em “Esaú e Jacó”, clássico escrito por Machado de Assis.

Para Hatoum, ver sua obra transposta para outros suportes não é tão incomum. “Dois Irmãos” já foi apresentado em teatro e também ganhou vida nos quadrinhos. “Há coisas que vão além das palavras”, afirmou o escritor. Animado com o lançamento da minissérie, mostrou-se surpreso com a reprodução de Manaus em 1920, período chamado de “belle époque”, até hoje visto como o auge arquitetônico e urbanístico da capital amazonense.

Como boa parte dos edifícios históricos da cidade já foi destruída, a Rede Globo reconstruiu, em seu estúdio, uma rua com cerca de 20 imóveis da “belle époque” manauara. Mais um detalhe entre tantos que dão força a “Dois Irmãos”, que já é um clássico na literatura e pode se destacar na tevê.

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