Dark ensina a entender o incompreensível na ótima temporada final
Série alemã ganhou seu último ano nesse sábado (27/6) e mostrou por que é uma das melhores produções lançadas na Netflix
atualizado
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Após três temporadas, o sucesso alemão Dark chegou ao fim nesse sábado (27/06). O último ciclo encerra a jornada pelo tempo de Jonas e nos ajuda a entender o incompreensível. Foram pouco mais de três anos e 26 episódios para, enfim, ser possível compreender os vários ciclos temporais, árvores genealógicas e as teorias físicas que explicam os fenômenos ocorridos naquela que pode ser considerada a melhor série da Netflix.
Em sua temporada final, lançada exatamente no dia do apocalipse na série, Dark nos apresentou mais algumas teorias da física sobre viagens no tempo, origem do mundo e multiverso – tudo encadeado para explicar o porquê de o laço temporal continuar a existir. Porém, encontrou na compreensão de amor e morte o segredo de tudo o que aconteceu na pequena (fictícia) cidade de Winden, na Alemanha.
CONTÉM SPOILER (SE FOR, VÁ NA PAZ)
Após terminar a última temporada com Jonas (Louis Hofmann) encontrando uma outra versão de Martha Nielsen (Lisa Vicari) e apresentando um possível multiverso, a produção de Baron bo Odar começou o “ciclo final” introduzindo este novo mundo e estabelecendo a função dos sósias para a trama. Largado pela versão de Martha que o leva a este universo, Jonas busca entender qual é o seu papel lá e como não se tornar seu algoz, Adam.
Por mais que pareça repetitivo, ao apresentar a mesma história – a Netflix, inclusive, criou um site para você acompanhar as árvores genealógicas de ambos os mundos –, porém, com as ações sendo realizadas em outros momentos, os episódios iniciais mostram sua real necessidade nos capítulos finais da temporada, quando nos é explicado que Jonas e Martha são os causadores do laço temporal infinito. Além disso, nos primeiros episódios conhecemos Eva, a versão mais velha de Martha e paralelo de Adam/Jonas nesta outra terra.
Os nomes, que fazem referência aos personagens bíblicos Adão e Eva, combinam com as motivações de ambos os personagens, que planejam viver no paraíso – na série, fazer com que seus mundos sobrevivam. No caso de Adam/Jonas, a metáfora fica ainda mais explícita, devido à sua vontade de encerrar o ciclo e criar um novo mundo.
Em paralelo, os roteiristas aproveitam para dar seguimento ao ciclo da Terra de Jonas e responder algumas das questões que ficaram abertas na temporada anterior, como o paradeiro de Jonas Adulto, Bartosz, Magnus e Franciska, que vão para o início do século 20 e tentam reconstruir a máquina. Com isso, Jonas Adulto também começa sua temida transformação em Adam, ao ter contato com a Sic Mundus – criada pela família do relojoeiro H.G Tannhauss – e decidir por não mais salvar Martha e sim, encerrar o ciclo e acabar com o mundo.
Após os quatro primeiros episódios, quando você se sente perdido novamente, sem entender qual é a ligação dos mundos e quem são os verdadeiros vilões, a série passa a desatar todos os nós amarrando a trama (perdão o trocadilho) até um encerramento magistral. Aliando as teorias físicas que explicam os fenômenos do seriado e as transições entre as terras e os períodos do tempo, Dark se torna um verdadeiro ensinamento sobre amor, dor e morte.
Através dos três protagonistas, Jonas, Martha e Claudia Tiedamann, o sexto episódio começa a desembolar o grande emaranhado que envolve o futuro de Jonas e Martha como Adam/Eva, o papel de Claudia e a história de Noah. Por meio desses personagens, Dark se mostra uma verdadeira história de amor (e as consequências que isso nos traz) ao explicar que todos os acontecimentos nasceram de decisões tomadas por esse sentimento.
Nos últimos capítulos, entendemos a necessidade de olhar para si, compreender e aceitar nossas dores, como explica o discurso de Adam para Eva, utilizando a metáfora que envolve a vida, a morte e um labirinto. Mesmo o amor sendo o ponto-chave para as personagens, neste momento você passa a entender que todas as ações foram motivadas pela perda, como a de Jonas por Mikkel/Michael; de Claudia por Regina, Jonas por Martha, Noah por Charllote e assim por diante.
O penúltimo episódio – um dos melhores de toda a série – acaba com Adam concluindo seu plano e vendo que nada do que pensava deu certo. Ao mesmo tempo, a versão idosa de Claudia (que tinha sido morta por Noah) aparece e explica para ele a verdadeira origem do ciclo infinito e que o multiverso na verdade é formado por três terras: a de Jonas/Adam, de Martha/Eva e uma outra, que deu início a todas.
No final da temporada anterior e no início da terceira, vemos mais sobre a origem de Charllote, que foi criada como filha adotiva de H.G Tannhauss, mas, na verdade, é fruto da relação de sua filha Elisabeth com Noah (certamente um dos momentos que mais fez “cabeças explodirem”). Nos primeiros episódios, o velho relojoeiro conta para Charllote ainda criança que, na noite quando ela foi entregue por duas mulheres, ele perdeu seu filho, a mulher e a neta em um acidente de carro. No fim, entendemos que esse é o ponto de origem de toda a história.
Com pouco mais de oito episódios, a série, lançada em 2017, não deixa nada a desejar em sua temporada de despedida.
Com uma pitada de Interstelar e uma verdadeira lição sobre saber compreender o amor e morte (coisas teoricamente incompreensíveis), o último episódio encerra a série alemã da forma mais simples e bonita, deixando de lado todo os cálculos, teorias e focando nas questões próprias do ser humano. Em seu último ciclo, Dark mostrou mais uma vez o porquê se tornou um sucesso global e uma das melhores séries originais da Netflix.
Avaliação: Ótimo