Daiane dos Santos chora com prata de Rebeca Andrade: “Representatividade”
Ex-ginasta se emocionou ao comentar o simbolismo de ter uma atleta negra ocupando o segundo lugar do pódio
atualizado
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Daiane dos Santos fez um depoimento emocionante ao comentar a medalha de prata conquistada por Rebeca Andrade em Tóquio, na manhã desta quinta-feira (29/7), na final do individual feminino da ginástica artística. Além de comemorar muito o feito da brasileira, a ex-ginasta foi às lágrimas ao comentar o simbolismo de ter uma atleta negra ocupando o segundo lugar do pódio.
“Durante muito tempo as pessoas disseram que não poderia ter uma ginasta negra, que as pessoas negras não poderiam fazer alguns esportes. E a gente ter hoje a primeira medalha pra uma menina negra tem uma representatividade muito grande por trás de tudo isso”, iniciou.
“É uma mulher, uma menina que tem uma origem muito humilde, foi criada por uma mãe solo, dona Rosa, porque o pai é vivo, mas não é presente. Aguentou tudo que aguentou, todas as lesões. E ta aí hoje, pra ser a segunda melhor atleta do mundo, uma brasileira. Olha… eu não consegui me expressar direito porque é muito difícil”, disse Daiane à Galvão Bueno, bastante emocionada.
Rebeca Andrade, por Daiane dos Santos, mulher negra que abriu portas para a primeira medalhista brasileira do individual geral de ginástica, que continua rompendo barreiras e que atravessou o racismo e o “aborto paterno”. Emocionante. pic.twitter.com/2mc3bgJRBa
— Luana Assiz (@luanassiz) July 29, 2021
Recentemente, Daiane concedeu entrevista à Marie Claire e revelou que apesar de ser considerada a maior ginasta brasileira de todos os tempos, com nove medalhas de ouro em mundiais, sofreu vários episódios de racismo cruéis durante a carreira.
“Acho que não existe uma pessoa preta que não tenha sofrido racismo na vida. O que acontece é que muitas pessoas não entendem o que estão passando, não sabem diagnosticar. No meu caso, sempre foi tudo muito sutil: um olhar diferente, um tratamento diferente. Uma levantada de voz”, disse em depoimento à revista.
“Comigo, houve situações na seleção, nos clubes, de pessoas que não queriam ficar perto, que não queriam usar o mesmo banheiro!”, lembrou Daiane.