Crítica: The Politician usa humor para falar de ambição e saúde mental
Embora trate de um grupo de adolescentes, a série oferece diversas conversas éticas sem deixar de ser divertida: política é panorama de fund
atualizado
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O hitmaker Ryan Murphy está de volta com mais uma série incrível – desta vez na Netflix. Através de um cenário mundano, como é de se esperar do criador, The Politician consegue iluminar diversos problemas, desde questões sociais até debates políticos. Tudo isso com elenco estrelado e extremamente talentoso – liderado por Gwyneth Paltrow e Ben Platt.
O primeiro episódio começa com um aviso: “The Politician é uma comédia sobre determinação, ambição e conseguir o que quiser a qualquer custo. Mas, para aqueles que lidam com a saúde mental, alguns elementos podem ser perturbadores. Recomenda-se a discrição do espectador”. Como o aviso indica, essa série não é para os fracos de coração.
A premissa é simples: Payton Hobart (Ben Platt, ganhador do prêmio Tony) sabe, desde os 7 anos de idade, que será o presidente dos Estados Unidos. Para isso acontecer, o jovem traça um plano de vida, que é conseguir todos os credenciais possíveis, ter as melhores notas, se tornar presidente do grêmio estudantil e, finalmente, entrar em Harvard – a universidade responsável por formar o maior número de “líderes do mundo livre”.
Embora trate de um grupo de adolescentes, a série oferece diversas conversas éticas sobre o que é certo ou errado, a bondade das pessoas, a pressão da sociedade americana sobre jovens e a ambição. O protagonista não representa uma figura política, e sim o básico de todos: uma marca configurada meticulosamente para o sucesso de sua meta. Suas experiências se tornam sua “história”; a namorada interpretada por Julia Schlaepfer, a futura primeira-dama; e seus melhores amigos (Theo Germaine e Laura Dreyfuss), sua assessoria.
Apesar de tratar de tantos temas pesados, como suicídio, pressão da sociedade sobre a juventude, privilégio, câncer e falsidade, entre outros, a série ainda é uma comédia. E Murphy faz isso com tanta maestria quanto em suas outras produções: Pose, Glee e American Crime Story. Além disso, a cinematografia do show é diferenciada, fazendo com que tudo na vida de Payton pareça um sonho.
A série é claramente passada nos tempos atuais, com uma das bandeiras da campanha de Payton sendo o perigo de armas de fogo. Sua oponente, por outro lado, promete levar Drake para fazer um show na escola. The Politician tem uma crítica central: não importa em quem você vote, as coisas permanecerão do mesmo jeito. No entanto, o show trata da política em qualquer momento da história exceto hoje, onde jovens ativistas como David Hogg e Greta Thunberg, estão liderando o debate político.
Ao mesmo tempo que The Politician trata de política, ela também é sobre saúde mental da nova geração. Todos estão tristes, têm gigantescas ambições que se tornam em pressão para serem grandiosos, e juntos se sentem sozinhos. Para uma classe média-alta, esses são os clássicos first world problems, mas configuram problemas comuns em qualquer adolescente nos Estados Unidos.
Uma das melhores partes da série é a história paralela de Infinity Jackson (Zoey Deutsch). A jovem foi criada por sua avó, Dusty (Jessica Lange), após sua mãe falecer repentinamente. O que parece ser uma história desnecessária acaba provando que Lange e Deutsch são premiadas por boa razão. Juntas, o relacionamento doentio delas (assim como o envolvimento do namorado de Infinity, Ricardo, interpretado por Benjamin Barrett) acaba sendo um dos que fala mais alto na totalidade da obra.
Avaliação: Excelente