Crítica: série da Netflix propõe olhar humanizado para Elize Matsunaga
A produção de true crime tenta tirar a figura de “monstra” da mulher. Era uma Vez um Crime falha, porém, em seu caráter “viral”
atualizado
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O true crime é, sem dúvidas, um dos gêneros de maior sucesso do entretenimento atual – impulsionado ainda mais pelo streaming, que ampliou o leque de histórias contadas. Seria raro que sem a Netflix, os brasileiros ficassem sabendo da rocambolesca trama de Tiger King ou mesmo que O Caso Evandro se tornasse um “viral”.
Agora, a Netflix tenta fazer o caminho inverso com Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime, da diretora Eliza Capai. A série documental, que estreia nesta quinta (8/7), leva a trama do “Caso Yoki”, como ficou conhecido, para o mundo. No entanto, mesmo sendo uma reconstrução detalhada da morte de Marcos Matsunaga, falta a produção um elemento revelador.
Grande parte do sucesso das produções de true crime está no fato de que, ao revisitar um caso, as séries/podcasts/filmes conseguem trazer um novo olhar para aquela história – eventualmente, como em O Caso Evandro, com uma revelação inédita. Ao fim de Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime fica a incomoda sensação de que se conheceu apenas mais detalhes do caso, que, em 2012, já havia tido grande repercussão midiática.
É injusto afirmar que não há nada de novo na série documental: afinal, é a primeria vez que Elize Matsunaga dá uma entrevista para falar do caso – ela foi condenada após confessar ter assassinado o marido Marcos Matsunaga. Ao se mostrar a “vilã” em frente às câmeras, é inegável que o seriado da Netflix a humaniza e tira a áurea de monstro que foi colada em Elize – com grande ajuda de uma cobertura sensacionalista da imprensa.
Mesmo com esse olhar, sem dúvidas interessante, Era uma Vez um Crime falha em impactar ou mesmo mudar uma visão da sociedade sobre o fato. Aqui cabe um esclarescimento: mudar o olhar não é dizer que Elize é “inocente”, pois ela não é, mas é talvez desmontar a tese de que se trata de uma assassina a sangue frio. Era uma pessoa, que tomou uma atitude errada e paga por isso.
Talvez, a relativa pouca distância temporal do caso, ainda dê uma sensação, em que assiste, de que pouco se tem ao terminar os quatro episódios.
Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime é uma boa reconstituição do Caso Yoki, com uma oportunidade de um novo olhar sobre a assassina. Porém, fica bastante abaixo de outras produções do gênero, e deixa a impressão de que faltou um gancho mais forte para a realização.