Crítica: Mestres do Universo, da Netflix, projeta futuro para He-Man
A produção não reinterpreta a origem dos personagens de Eternia, mas tenta vislumbrar um novo universo do heróis e seus aliados
atualizado
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Mestres do Universo: Salvando Eternia, animação da Netflix que estreia nesta sexta-feira (23/7), é a volta de He-Man à televisão, na mesma plataforma que trouxe o retorno de sua irmã She-Ra. Se no caso heróina que é alter-ego de Adora buscou-se reimaginar aquele universo, o guerreiro encarnado pelo príncipe Adam foi por outro caminho: continuar de onde parou.
He-Man e suas aventuras não tem um arco canônico – ou seja, não há uma base material que defina claramente o que é a história principal. A franquia surgiu do desejo de uma fabricante de bonecos em vender mais… bonecos. Portanto, é um mundo que pode ser explorado de várias maneiras. Uma delas é andar para frente.
Ao invés de fazer um reboot ou um remake nostálgico, Mestres do Universo: Salvando Eternia parte da onde a animação dos anos 1980 e 1990 parou: os confrontos entre Adam/He-Man e o vilão Esqueleto pelo Castelo de Grayskull. Por isso, de uma certa forma, esta primeira parte da série (que tem cinco episódios) soa como continuação, que abraça os fãs do produto, mas pode ter alguma dificuldade em angariar novos espectadores.
Heróis famosos
Não há grandes explicações, He-Man, Esqueleto, Maligna, Mentor, Teela e Feiticeira surgem em plena ação. O arco narrativo parte da ideia de que todos conhecem aqueles personagens, suas origens e poderes – o que não é exatamente um erro do showrunner, Kevin Smith, afinal, são heróis e vilões bastante populares.
A escolha em não recontar as origens dos personagens faz com que a Parte 1 de Mestres do Universo: Salvando Eternia consiga ter agilidade e avance rapidamente na história. E, ainda mais interessante, não “briga” com o passado dos heróis (evitando conflitos com os fãs mais “puristas”, apontando a trama para um futuro – que, ao menos para mim, está bastante claro!
Todas essas escolhas são reforçadas pela ideia de a animação não ser excessivamente infantil – mesmo que não seja exatamente adulta. E aí a atuação dos dubladores Mark Hamill (Esqueleto), Lena Headey (Maligna), Sarah Michelle Gellar (Teela) e Chris Wood (He-Man) confirma essa ideia narrativa de Kevin Smith.
Mesmo sem inovar as ideias de He-Man, Mestres do Universo: Salvando Eternia não é só um produto nostálgico, pois olha para o futuro da franquia. Isso sempre é positivo. E, caso o caminho projetado na Parte 1 seja confirmado, a sequência pode ser excelente.