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Crítica: “Ingobernable” é um dramalhão mexicano viciante

Com um misto de drama familiar e político, a série entrega um dos produtos mais honestos das recentes produções da Netflix

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Ingobernable
1 de 1 Ingobernable - Foto: Netflix/Divulgação

“Ingobernable”, nova série da Netflix, é um dos produtos mais honestos entregues pelo serviço de streaming. Traz aquilo que promete: um dramalhão mexicano que prende logo no primeiro episódio. Ainda conta com um quê de thriller envolvente e debates interessantes sobre a geopolítica.

O seriado, que conta com 15 episódios, mostra a vida de Emilia Urquiza. Primeira-dama, ela vê o casamento com o presidente Diego Navas chegar ao fim. No entanto, antes dos papéis do divórcio serem assinados, o líder mexicano é assassinado e, a viúva, torna-se a principal suspeita.

Emilia, interpretada por Kate del Castillo, dá início a uma corrida para provar a própria inocência. Ela se refugia no bairro de Tepito, uma zona periférica e violenta da Cidade do México. O local ainda cura as feridas de uma invasão do Exército que matou e prendeu (clandestinamente) diversas pessoas, durante a gestão de Nava e Emilia.

Esse pano de fundo político, com várias sequência em Los Pinos (palácio presidencial do México), fez com que várias pessoas apontassem “Ingobernable” como um “House of Cards” mexicano. Nada disso. O novo seriado da Netflix não tem a pretensa seriedade da produção de Kevin Spacey.

“Ingobernable” é uma drama familiar, romântico, com várias viradas de roteiro, muitas sequências de choro e bastante violência. Uma novela mexicana adaptada aos tempos do streaming, capaz de te fazer ficar grudado no sofá por horas a fio.

Temas contemporâneos
A série aborda diversas questões essenciais ao mundo moderno. O empoderamento feminino, exposto claramente no grupo “Las Cabronas de Tepito”, aparece naturalmente. Mulheres comandam com dureza um bairro violento e, para isso, não precisam ser masculinizadas.

A homossexualidade também marca presença. Duas personagens lésbicas não enfrentam debates. Gostam uma da outra sem que isso seja a característica determinante delas, assim como qualquer casal hétero em produções televisivas.

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A violência dos carteis de droga méxicanos é o tema, certamente, mais debatido. Inclusive, com duras críticas a política de interferência externa dos Estados Unidos na guerra contra o narcotráfico. Em uma fala, o presidente Navas dispara: “O problema da droga é o massivo consumo nos EUA”.

Por fim, “Ingobernable” não passa verniz na cultura mexicana, a tornando mais global. Foge dos clichês de mariachi e entrega um país pulsante, tomado por problemas internos e com os vizinhos “ianques” poderosos

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