Crítica: Bel-Air mostra o drama escondido na comédia dos anos 1990
Bel-Air, remake da série dos 1990, é uma boa aposta do Star+
atualizado
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Já há algum tempo dá para ver em Hollwood uma tendência (para não dizer outra coisa) de se trazer remakes – um leitor mais atento pode, até, falar que a onda chegou às telenovelas com Pantanal. São vários os exemplos e diversos deles parecem não ter o menor sentido (sim, Rei Leão, aqui é com você). Porém, nessa safra surgem títulos interessantes, como Bel-Air, disponível no Star+.
Divulgado com muita expectativa, por ser um remake de The Fresh Prince of Bel-Air (Um Maluco no Pedaço), série icônica dos anos 1990 protagonizada por Will Smith, Bel-Air pode surpreender alguns e decepcionar outros. A questão é que a comédia da sitcom sai de cena e entra o drama.
Eu, pessoalmente, estou no time dos que se surpreenderam positivamente. Bel-Air parte da mesma premissa da série original: Will Smith (Jabari Banks) se envolve em uma briga na Filadélfia e vai morar com os ricos tios em Los Angeles.
Mas, a partir dai, tudo muda. Bel-Air traz os conflitos da produção para os tempos atuais, para a situação da população negra dos Estados Unidos, envolvendo questões raciais, sociais e psicológicas – em uma escalada dramática tal qual a ocorrida com Will Smith após os episódios do Oscar 2022.
Algumas pessoas torceram o nariz para o “excesso de drama” contido em Bel-Air, mas, fica o questionamento se a questão é a quantidade de conflitos ou a exposição a elementos, debates e questões pouco exploradas na televisão. O seriado tem um ar de novidade, mesmo ao contar a trama de uma série que já fez tanto sucesso. O truque aqui é a linguagem: explorar as dores de Will e da família Banks nos conecta com um novo lado dessa história.
Para isso tudo funcionar, dois personagens têm papel decisivo: Carlton Banks (o ótimo Olly Sholotan) não é mais uma escada para as piadas de Will. O primo traz temas importantes ao debate, sobre as inseguranças de um homem negro que, mesmo rico, lida com o preconceito racial em uma sociedade ainda racista.
Outro destaque (que poderia muito bem virar um spin-off) é Vivian Banks: da dona de casa dos anos 1990, a personagem de Cassandra Freeman promove discussões sobre machismo, libertação e responsabilidade. Não à toa, tem muito mais tempo de tela que sua “predecessora”.
Ao longo dos 10 episódios, Bel-Air escorrega nos seus próprios excessos de drama e de temas para discutir. Mas, ao fim, parece que conhecemos mais de Will Smith (o personagem) e da família Banks, mesmo que convivamos com eles desde a sitcom dos anos 1990.
Avaliação: Bom
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