Crítica: Arnold engrandece Schwarzenegger e tenta minimizar seus erros
A Netflix lançou, no último dia 7, a minissérie documental Arnold, que apresenta a vida de Schwarzenegger em três partes
atualizado
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Já bem dizem por aí: não subestime os outros, nem os idolatre demais. É um fato que não dá para subestimar Arnold Schwarzenegger – vulgo astro de Hollywood, ex-governador da Califórnia, principal nome do fisiculturismo mundial, empresário e por aí vai. Acontece que a verdade nua e crua sobre o ator é de um homem que não pode (e nem deve) ser idolatrado sem críticas.
A Netflix lançou uma minissérie documental intitulada Arnold na semana passada. Com apenas três episódios, a produção passa pelas “diversas vidas” do astro de Hollywood: fisioculturista em ascensão e melhor do ramo; ator iniciante e astro dos cinemas mundiais; e político acusado de assédio e eleito mesmo assim.
Assista ao Metrópoles Já Viu de Arnold:
É inegável que a produção apresenta uma inspiradora força de Arnold Schwarzenegger para conquistar os seus objetivos, principalmente quando se fala sobre a infância difícil ao lado de um pai traumatizado com os efeitos da Segunda Guerra Mundial e de seu esforço inigualável para se tornar o melhor em absolutamente tudo (tudo mesmo!).
Erros de Arnold Schwarzenegger
A produção não deixa de abordar os erros de Arnold Schwarzenegger. O mais inquietante, no entanto, é que apenas o próprio ator tem o direito de julgar os seus tropeços na vida. Com depoimentos de grandes artistas, como Sylvester Stallone e James Cameron, nenhum dos entrevistados comenta sobre os erros que ele cometeu, se não o próprio Arnold.
A traição à mulher, Maria Shriver, que acabou com um filho fora do casamento, é dada apenas pelo lado do astro. A mulher ou o filho em questão são apenas citados na produção. O mesmo acontece no momento em que Arnold Schwarzenegger assume ter “passado dos limites” com mulheres no passado, após ser acusado por seis delas de “apalpá-las e humilhá-las”.
Arnold retrata, basicamente, o potencial que Schwarzenegger tem de fugir das responsabilidades e encontrar meios de reverter a situação. Na política, por exemplo, o ator assumiu que fazia piadas roteirizadas quando não sabia o que dizer nos debates para se tornar governador da Califórnia. E, mesmo assim, foi eleito.
Sobre o filho fora do casamento, que se chama Joseph Baena, o ator se endeusa quando diz que conseguiu construir uma boa relação com o rapaz, filho de uma empregada doméstica da casa de Arnold Schwarzenegger. Os outros filhos do astro, no entanto, são apenas mencionados na produção — nota-se que sua família não tem interferência na minissérie.
Apesar da história do ator, do incômodo com os erros cometidos por Arnold e da insistência em vender a imagem de um homem “desconstruído”, a minissérie documental é extremamente bem-feita, com depoimentos bem pensados e efeitos visuais que causam uma sensação de engrandecimento do eterno Exterminador do Futuro.
Avaliação: Ótimo