Crítica: A Serpente de Essex traz bom drama de época para a Apple TV+
A produção, com Claire Danes e Tom Hiddleston, traz reflexões para a disputa entre fé e ciência na Inglaterra do século 19
atualizado
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A boa safra de séries do Apple TV+ não se resume (ainda bem) à Ruptura. O catálago do serviço de streaming da criadora do iPhone tem outras opções bastante interessantes, nos mais variados temas. Uma delas é o drama de época A Serpente de Essex, seriado em seis episódios que propõe reflexões passadas no século 18, mas ainda (misteriosamente) atuais.
Adaptado do romance homônimo de Sarah Perry, A Serpente de Essex conta a história de Cora Seaborne (Claire Daines), uma mulher que, recentemente, virou viúva e, livre do relacionamento abusivo que vivia, decide explorar a vida e se dedicar à sua paixão: as ciências naturais.
Nessa jornada, que mistura libertação e autoconhecimento, Cora decide ir para Essex, cidade litorânea da Inglaterra, estudar uma misteriosa “fera” que atormenta os pescadores e moradores do local. Lá, seu caminho se cruza com o pastor Will Ransome (Tom Hiddleston) e se tem jornada o conflito principal da trama.
A Serpente de Essex, além do nome da produção, é uma metáfora do que a série tenta comunicar: em meados do século 19, uma Inglaterra que se divide entre a razão e a fé; a crença e a ciência – assunto que, quase 200 anos depois, é atual em contexto da pandemia. Esse monstro pode ser investigado e desmistificado ou permanecerá como uma fera no imaginário da população local, mesmo com os esforços de Cora?
A luta entre fé e razão é a base do drama, que fica materializado na relação entre Cora, Will e o prestigiado médico londrino Luke Garrett (Frank Dillane). Mesmo que se sinta intelectualmente atraída pelo jovem prodígio da medicina, a personagem de Claire Danes é arrastada para um amor (com certo ar de proibído) com o pastor vivido por Tom Hiddleston.
Na oposição entre modernidade e tradição, A Serpente de Essex apresenta um drama de época, com narrativa ágil e pitadas de questionamento político-social, feitos por meio da personagem socialista Martha (Hayley Squires) e seu inesperado relacionamento com um aristocrata herdeiro. Rico x pobre, aristocracia x classe trabalhadora, fé x religião, cidade x campo são as contradições exploradas pelo seriado.
Mesmo que consiga, em meio à discussão social, entregar um drama interessante e conte com Claire Danes e Tom Hiddleston inspirados, A Serpente de Essex falha, justamente, ao não conseguir criar um senso de urgência na narrativa, que parece constante estar em temperatuda média.
Avaliação: Bom
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