Conversa com Bial homenageia a canonização de Irmã Dulce
Programa tem como convidados a cantora Margareth Menezes, o maestro José Maurício e o jornalista Graciliano Rocha
atualizado
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Irmã Dulce ganhou o apelido de O Anjo Bom da Bahia, graças às suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, conquistando fiéis dentro e fora do Brasil. No Conversa com Bial desta quinta-feira (10/10/2019) a discussão é sobre a vida e os ensinamentos deixados por ela, que, no domingo (13/10/2019) será santificada pelo Papa Francisco, em cerimônia oficial no Vaticano, na Itália. Testemunhas de seus milagres e presenças garantidas na Canonização da freira, a cantora Margareth Menezes, devota à Irmã Dulce; o maestro José Maurício, que recebeu o milagre por intercessão da freira; e o jornalista Graciliano Rocha, autor da biografia sobre a futura santa, conversam com Pedro Bial.
De origem simples, Irmã Dulce nasceu em Salvador, na Bahia, e ingressou no convento local com apenas 18 anos, abraçando veemente a vocação sustentada pela sua fé. Os locais por onde passou são conhecidos pela cantora Margareth Menezes, também baiana, que, curiosamente, foi vizinha da freira. “Morávamos na mesma região e minha mãe sempre falava, para mim e para os meus irmãos, para pedirmos a benção a ela. Sempre com um olhar muito amoroso, posso dizer que Irmã Dulce era especial. Claro, naquele tempo ainda não tínhamos consciência do que ela se tornaria, mas sempre tivemos muito respeito”, recorda a artista. Margareth também não mede palavras sobre o que sentiu ao ser convidada para cantar na cerimônia que dará a Irmã Dulce o título mais emblemático da Igreja Católica: “É uma emoção muito grande toda vez que nos reunimos para o ensaio. Algo inexplicável que não consigo nomear.”
A bondade espalhada pelas ações caridosas de Irmã Dulce ainda ecoa na vida de muita gente. Por ano, mais de 3 milhões e meio de pessoas são atendidas nas obras sociais da Irmã, que faleceu em 1992. O Hospital Santo Antônio, em Salvador, por exemplo, foi fundado no local onde a freira improvisou, no galinheiro do convento, um abrigo para doentes resgatados das ruas, em 1949. “O compromisso que ela tinha se mantém. Todos são ajudados de graça”, conta Margareth Menezes. Ao som de A Bahia Canta Sua Santa, música feita em louvor a Irmã Dulce, a artista expõe sua admiração pela freira: “É um tributo em nome de todos que ela já acudiu.”
Pedro Bial também ouve com atenção a surpreendente história de José Maurício, um dos principais responsáveis pela canonização de Irmã Dulce. Cristão e fiel devoto da freira, José convivia com um diagnóstico de glaucoma, descoberto em 1992. Com muitas disfunções nos nervos óticos, os médicos diziam que ele nunca mais voltaria a enxergar. No palco, tomado por uma grande emoção, José Maurício relembra como foi quando, em 2014, voltou, inexplicavelmente, a usar a visão: “Tive uma conjuntivite muito forte. Durante uma noite em que eu não conseguia dormir, com muita dor nos olhos, eu orei junto a um quadro com a imagem de Irmã Dulce e pedi para que ela curasse a minha conjuntivite. Apenas isso. Não pedi para recuperar a minha visão. Na manhã seguinte, eu estava enxergando de novo, gradativamente. Até hoje, a medicina não consegue achar uma explicação.”
Empolgado com a solenidade do próximo domingo, José Maurício não esconde a sua felicidade. “Estamos acostumados a celebrar casamentos, formaturas, aniversários, mas não uma cerimônia dessas. Quero ver minhas pernas pararem de tremer na hora”, brinca o maestro. Ele completa: “A ficha não caiu. Eu estou treinando, mas só na hora vou saber o que falar para o Papa. Estou procurando uma frase ou algo que possa passar o significado de Irmã Dulce. Mas, seja o que eu for dizer, tenho certeza que será repleto de gratidão. Todos sabem que ela era iluminada.”
Além de Margareth e José Maurício, Bial recebe também o jornalista Graciliano Rocha, autor do livro Irmã Dulce: A Santa Dos Pobres. Acerca do trabalho que deu origem à obra literária, ele esclarece: “É uma biografia. Falo sobre a capacidade e a coragem dela para assumir todo tipo de risco, em nome da solidariedade. Ela antecipa em muitas décadas a chegada das mulheres em posições de liderança e poder. Foi uma pesquisa que durou aproximadamente 8 anos. Eu me interessei em descobrir como uma freira poderia ser tão pragmática na ação e mística na religiosidade.” Com direção artística de Monica Almeida, o Conversa com Bial é exibido de segunda a sexta-feira após o Jornal da Globo.