Conheça a Afroflix, plataforma com obras de produtores negros
No ar desde de terça (17/5), o projeto gratuito é voltado para o público em geral. A ideia é valorizar o protagonismo negro nas produções audiovisuais
atualizado
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Quando Yasmin Thayná fez as primeiras exibições do seu filme “Kbela”, muita gente questionou como seria a distribuição daquele trabalho independente. Depois de pensar novas formas de compartilhar sua obra, a cineasta teve um insight.
“Veio a ideia de fazer um projeto que valorizasse o protagonismo negro”, conta Yasmin, diretora da Afroflix, plataforma colaborativa com filmes, séries e vlogs, entre outros conteúdos, que têm em alguma área de atuação técnica/artística a assinatura de uma pessoa negra.
Inicialmente só com títulos nacionais, a Afroflix é gratuita e voltada para o público em geral. “Neste primeiro momento, ele é uma plataforma de pesquisa, mas existe o plano de expandi-lo. É um processo totalmente colaborativo, por isso, não envolve nenhum dinheiro. No futuro, queremos fazer filmes e séries originais (assim como acontece com a Netflix) e isso vai exigir um certo investimento”, explica.
Quem quiser inscrever ou sugerir alguma obra para o catálogo, basta entrar no site e preencher o formulário disponível. Por enquanto, esse processo está suspenso – justamente para a equipe amadurecer o material já recebido –, porém, em breve, as inscrições voltam a ser abertas.
Após a inscrição, o conteúdo passa por uma curadoria que verifica se realmente há algum negro ou negra nas áreas técnicas e artísticas. O mesmo grupo analisa a qualidade da produção. “Não procuramos estéticas engessadas e as temáticas não precisam falar de histórias negras. Nossa proposta é bem ampla”, avisa Yasmin.
Com mais de 80 títulos, o catálogo conta com os filmes “Mwany” (foto no alto), “Bróder” e “Branco Sai, Preto Fica”, do ceilandense Adirley Queirós; o documentário “O Estopim”; e videoclipes de MC Soffia, Tassia Reis e Karla da Silva, entre outros títulos.
Empoderamento
O empoderamento do projeto está no conceito e nas responsáveis em tirar a Afroflix do papel e colocá-la no ar. Seis mulheres, cinco delas negras, comandam a plataforma que estreou nesta terça (17/5). Além de Yasmin Thayná, diretora, a equipe é formada por Steffania Paola, desenvolvedora e UX designer; Bruna Souza, designer; Silvana Bahia, jornalista; e Monique Rocco e Erika Candido, pesquisadoras.
“Kbela” e “Batalhas”
Lançado em setembro do ano passado, o filme “Kbela” continua sendo exibido em diversos estados do país, quase sempre seguido de debates que abordam o racismo, o feminismo negro e o empoderamento da mulher negra.
Paralelo a essas exibições, Yasmin Thayná prepara um novo trabalho: o documentário “Batalhas”, que mostra a história do primeiro espetáculo de funk apresentado em maio de 2015, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A estreia, em 14 de junho, será na Sala Cecília Meireles, outro espaço tradicionalmente erudito.