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Carolina Dieckmann sobre o marido da ficção: “Nicolau é homofóbico”

A atriz fala sobre a educação dos filhos e os desafios em enfrentar uma sociedade machista

atualizado

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Estevam Avellar/TV Globo
Carolina Dieckmann em O Sétimo Guardião
1 de 1 Carolina Dieckmann em O Sétimo Guardião - Foto: Estevam Avellar/TV Globo

No ar como Afrodite em O Sétimo Guardião, novela das nove da TV Globo, Carolina Dieckmann vê a personagem como mais um desafio em sua carreira. Submissa ao marido, Nicolau (Marcelo Serrado), sem se dar conta disso, a mulher percebe que precisa mudar de atitude para proporcionar felicidade aos filhos e começa a questionar o sujeito em busca de mudanças na família.

Em conversa com o Metrópoles, a atriz falou sobre as questões que envolvem a personagem e a grande mudança que virá!

Ela poderá largar o marido por causa do machismo?
Eu penso que a gente não escolhe por quem se apaixona. Num relacionamento, muitas vezes você vai construindo uma família e tendo amor pelos frutos daquela relação. O amor vai se expandindo para aquilo tudo chamado “família” e de “convivência”. Depois, você identifica que a pessoa com quem se casou não é exatamente como você pensava. Você começa a se dar conta disso, mas não significa que deixou de amar aquela pessoa.

Como é viver uma personagem tão forte e como será o futuro dela na trama?
Estou amando! A Afrodite e o Nicolau vão ter vários embates. Ela finalmente se deu conta do lugar em que está há muito tempo. A novela começou para a Afrodite no momento da primeira briga com o marido. É como se fosse o despertar da minha personagem. Até então, ela estava dando conta de tudo, mas, de repente, a possibilidade de aquele pai brecar o desejo da filha a fez pensar nela própria. Ela não deseja para a filha seus próprios erros. É o início de uma percepção.

Estevam Avellar/TV Globo
Nicolau (Marcelo Serrado), Bebeto (Eduardo Speroni) e Afrodite (Carolina Dieckmann): família em conflito na novela

 

Muitas mulheres comentam sobre a personagem com você?
Tenho ouvido algumas coisas. Até teve uma situação engraçada, que aconteceu num posto de gasolina. O moço me perguntou: “E aí, você não vai dar um filho pro Nicolau?”. Achei bonitinho ele falar assim. Talvez seja um cara casado e identificado com a trama. O Nicolau é machista, homofóbico, mas não deixa de ser homem. Está passando por cima dos filhos e da mulher por conta dos desejos dele e não está certo. Mas isso não é um monstro. De qualquer jeito, o comportamento dele enseja uma discussão. Esse lado da novela é maravilhoso: contar histórias para as pessoas e ver isso mudar comportamentos.

Você já conversou com algumas dessas mulheres?
Várias. Eu conheço muitas mulheres que não estão satisfeitas no casamento. Espero, com a minha personagem, buscar o olhar da mulher para ela mesma. A Afrodite está iniciando isso pela história da filha, mas nem sempre há essa possibilidade.

Você acha a personalidade do Nicolau típica do interior, como se caracteriza Serro Azul?
Não. A gente vê muitos desses por aí, no Rio de Janeiro, em pleno 2018. Sei que esse assunto é polêmico, mas tem muito a ver com educação. A gente não pode cobrar a mesma percepção de alguém que não estudou, que não teve amor de pai e de mãe, porque muita gente não teve isso. Temos de olhar os outros com mais generosidade e menos dedo na cara, com mais empatia.

Já conversou com alguma pessoa machista para tentar alertar?
Eu tenho amigos com quem converso. Às vezes, eu sinalizo. Muitas vezes, as pessoas entendem, outras, não. Tem que ter um jeito de falar, um cuidado para não invadir o espaço do outro. Eu conheço muita gente com vários aspectos do Nicolau.

Como tem sido o retorno do público?
Está sendo emocionante. Eu tenho um respeito enorme por fazer novela. Gosto de falar com essas pessoas que não foram ao teatro, não têm dinheiro para ir ao cinema toda semana, não conseguem  comprar um livro e estão lá vendo televisão. Essas pessoas merecem um produto de qualidade.

João Miguel Júnior/TV Globo
Carolina Dieckmann disse ter retorno positivo do público

 

Você acha que a Afrodite pensa muito no futuro?
Eu não sei. Acho que ela é essa confusão, é uma mulher acordando. A gente vai ver esses detalhes a partir de agora. Quando ela reflete a carreira da Diana (Larissa Ayres), está pensando só em resolver este problema da filha. Não existem outras coisas. Ela ainda não se achou, mas vai se achar.

Como é a parceria com a Larissa Ayres, que vive a Diana, e seus outros filhos da ficção? 
Eu olho para eles como filhos. Eu tenho filhos, tenho essa relação maternal. Acho que com eles o entrosamento foi imediato. Automaticamente, lembro da minha relação familiar. É muito bom emprestar esse amor materno para a Afrodite.

Você tem a preocupação de criar seus filhos com uma visão feminista?
Eu acho que há algumas coisas nesse sentido. Uma é o exemplo dado em casa. Já existe uma evolução nas escolas, nas pessoas instruídas. O mundo está mudando há algum tempo. Meu filho, o Davi, que tem 19 anos, estudou numa escola melhor do que a minha, menos machista. Então, tem uma ajuda da sociedade privilegiada. Meus filhos são privilegiados. Eu não identifico machismo neles. Não vejo mesmo. Mas acho que é um privilégio, não algo para se comemorar. A gente tem muita coisa por aí.

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