Campo de concentração: Marcão do Povo é suspenso do SBT
Agora, o matutino será comandado por Dudu Camargo e Márcia Dantas
atualizado
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Após sugerir que os pacientes acometidos pela Covid-19, doença causada pelo coronavírus, fossem colocados em um campo de concentração, o apresentador Marcão do Povo foi suspenso do SBT. A decisão foi tomada em reunião na emissora na tarde desta quarta-feira (08/04). Agora, o matutino será comandado por Dudu Camargo e Márcia Dantas. Mais cedo, o SBT havia divulgado uma nota oficial afirmando que o âncora gozava de “total liberdade de expressão”.
Com a saída oficializada, o canal enviou uma nova nota. Leia na íntegra:
Nota Oficial
Ontem, durante a exibição do programa jornalístico Primeiro Impacto, o apresentador Marcos Paulo Ribeiro de Morais, popularmente conhecido como Marcão do Povo, se utilizou do espaço em nosso jornal para expressar uma opinião de cunho pessoal que dizia respeito ao tema tão delicado que o mundo e nosso país atravessam: a COVID-19.
Gostaríamos de esclarecer ao público, às autoridades, àqueles que estão na linha de frente ao combate incessante da pandemia e, em especial, às pessoas vitimadas, que de forma alguma a opinião expressada pelo apresentador reflete o pensamento, a atitude e o respeito que a emissora tem pelo momento atual. Temos total consciência da relevância do assunto e temos, a todo momento, nos preocupado em informar e esclarecer de forma isenta e imparcial os acontecimentos e as providências que as autoridades e todos brasileiros estão adotando para vencermos essa enorme crise de saúde já presente, e a econômica que se avizinha.
Desta forma, sinceramente lamentamos que o apresentador tenha usado nossa plataforma de modo que contraria tão profundamente os nossos princípios. A todos que de alguma forma possam ter se ofendido ou mesmo se indignado com as opiniões pessoais do apresentador, nossas mais sinceras desculpas.
Nossos profissionais de Jornalismo seguirão na dura missão de bem informar, sempre preocupados com o bem estar de todos os brasileiros.
O apresentador foi suspenso de suas funções.
Respeitosamente,
A Diretoria
Durante o telejornal, Marcão, que não tem formação alguma em qualquer área médica, decidiu dar sugestões ao presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre como lidar com a pandemia que, até os últimos dados, matou 85.397 pessoas em todo o mundo.
“Não seria interessante pegar, por exemplo, o Exército, a Aeronáutica, a Marinha, montar um campo de concentração, de cuidados, com os equipamentos mais sofisticados, com os melhores profissionais, e colocar essas pessoas com problemas ou com sintomas?”, questionou.
As ideias do cidadão que tem um programa de TV em rede nacional. Marcão do Povo sugeriu um campo de concentração (!) pra isolar todos os casos confirmados de Coronavírus. Na visão dele, dessa forma, o resto do povo pode voltar à normalidade e trabalhar sem maiores problemas. pic.twitter.com/TIrBGNAOXk
— Gabriel Vaquer (@bielvaquer) April 8, 2020
Marcão ainda aproveitou para criticar os governadores que estão decretando medidas de contingenciamento do comércio, para diminuir a movimentação nas ruas, evitando a proliferação do vírus.
Na continuação do vídeo, Marcão do Povo também sugere que Bolsonaro dê uma canetada e coloque exército nas ruas e prenda os governadores de estados que não tem tantos casos comprovados de Covid-19. Ele seguiu defendendo a ideia de campo de concentração pra quem tem sintoma… pic.twitter.com/qXnEjnXkG6
— Gabriel Vaquer (@bielvaquer) April 8, 2020
“Então, presidente, é uma dica. Dá um decreto, põe o Exército nas ruas, Marinha e Aeronáutica. Aí, o governador que descumprir, faz igual tão fazendo com o povo, cana! Monta um campo, trata essas pessoas lá e o comércio abre e todo mundo vai trabalhar normalmente”, afirmou.
Campo de concentração
Estes centros de confinamento militar estão marcados no que há de mais nefasto na história da humanidade, principalmente naqueles criados durante o Holocausto, na Alemanha nazista. No Brasil, um dos casos mais chocantes ocorreu após a Grande Seca (1877-1879).
Naquele período, o governo brasileiro criou sete campos de concentração em diversas cidades do Ceará, confinando cidadãos que fugiam da miséria causada pela seca, impedindo-os de chegar às grandes cidades.