Bruno Gagliasso resgata tesão por atuar como traficante em Maré Negra
Vilão de série do Prime Video, Bruno Gagliasso fala ao Metrópoles sobre fase fora da Globo e influência da família
atualizado
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Esqueçam o Bruno Gagliasso angelical. Aos 40 anos, o ator está disposto a quebrar o estereótipo de mocinho que o perseguiu durante duas décadas na TV. Após dar vida a um torturador em Marighella, ele volta a interpretar o traficante João na segunda temporada de Operação Maré Negra.
Em entrevista ao Metrópoles, para divulgar o lançamento da série, oferecida pelo Prime Video a partir desta sexta-feira (10/2), Gagliasso admite sentir mais “tesão” pelo trabalho em sua nova fase sem contrato fixo na televisão (o último, com a Globo, durou 18 anos e foi encerrado em 2019).
“Não posso reclamar da Globo, tenho muita gratidão pelos personagens que me foram dados, mas se deixar você faz a mesma coisa sempre. Eu tive que brigar muito”, explica o artista ao lado do protagonista de Operação Maré Negra, Jorge López. “Quando a gente vai na contramão do que aparentemente a sociedade diz o que você tem que fazer é o tesão. Acho que eu posso fazer isso através do meu trabalho. É maravilhoso, eu amo”, comenta.
Embora não apareça em muitas cenas, seu papel surge em momentos-chave da trama, que agora apresenta muito mais drama e suspense, além das cenas de ação e porrada que marcaram a primeira temporada. Gagliasso acredita que o traficante João reflete muitos bandidos no Brasil que saem impunes de seus crimes.
“Ele não vale nada, ele não presta, e é muito o retrato real do Brasil. Quando a gente pensa em um narcotraficante brasileiro, enxerga um cara da favela com um fuzil na mão, que é negro, que muitas vezes é mais vítima de uma sociedade e de um desgoverno do que de verdade quem manda, porque quem manda não mata pessoalmente, manda matar e dá canetada. Meu personagem é desses que são pegos com toneladas de cocaína em helicóptero militar”, compara.
“Com 3 filhos e querendo fazer outras coisas, meu ciclo de novelas acabou”
Acabar com os clichês na dramaturgia tornou-se para o ator uma obsessão ainda maior depois de se tornar um ativista da causa racial ao lado da mulher, Giovanna Ewbank. Ambos são pais de Titi e Bless, nascidos no Malawi, além do bebê Zyan. A família também influenciou nas decisões profissionais de Gagliasso.
“Foi a gente que inventou essa porra de racismo. Então cabe a nós também lutar contra. Cabe a nós nos posicionarmos e tento fazer com o meu trabalho. Eu sou artista, faço arte. Estou aqui para questionar, para indagar, não para dar resposta. Através dessa produção, posso retratar a verdade, levantar questionamento. Um dos motivos de eu aceitar fazer é porque não é óbvio. Gosto disso”, analisa.
“Falo que meu ciclo de novelas acabou porque já fiz muitas, e novela e exige um tempo absurdo, 1 ano inteiro se for protagonista. Agora com 3 filhos e querendo fazer outras coisas, fica difícil, mas tenho muito carinho e muito respeito, amo os personagens que fiz, claro que uns mais do que outros, mas estou em uma nova etapa da minha vida”