Bruno Fagundes sobre 3%: “Abriu espaço para Dark e La Casa de Papel”
A produção da Netflix chegou ao fim com a quarta temporada e se tornou um marco das produções internacionais no streaming
atualizado
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A série nacional 3%, que chegou ao fim após quatro temporadas da Netflix, virou um case de sucesso. A produção colocou a ficção científica produzida no Brasil no radar do mundo, virou um sucesso global e abrius as portas para uma geração de atores. Entre eles, está Bruno Fagundes, que deu vida ao vilão André.
Bruno, que é filho de Antonio Fagundes, teve passagens pela televisão, trabalhos no cinema e carreira no teatro. Mas, em 3%, o ator ganhou grande projeção, junto com colegas de elenco como Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Rafael Lozano, Bianca Comparato e Cynthia Senek.
“A série não só abriu portas para as produções nacionais. Ela foi o terceiro produto internacional da Netflix. Internamente, o sucesso de 3% fez com que existissem Dark, La Casa de Papel e outras”, conta Bruno Fagundes. “É 100% brasileira, isso é o que me dá mais orgulho”, completa.
Bruno Fagundes enxerga em 3% uma radiografia do momento político e social do Brasil. O seriado, que iniciou sua trajetória falando da gritante desigualdade social, termina o ciclo debatendo autoristarismo e polarização.
“A série é muito importante na medida em que fala sobre polarização, violência e autoritarismo”, opina Bruno Fagundes. “Eu brinco que é mais ciências sociais do que ficção científica. Na minha visão pessoal, retrata o caminho que o Brasil está tomando, ser superbélico. Mas, ao mesmo tempo, 3% termina com uma assembleia. Isso é lindo, é uma mensagem de futuro”, complementa.
Razões do sucesso
Para o ator, o apelo de 3% está ligado à brasilidade da produção. Por um lado, as dinâmicas sociais do país dão base narrativa à série. De outro, as escolhas estéticas destoam do gênero da ficção cientifica, muito tecnológico e minimalista.
“3% é brasileira na essência. De uma forma muito inteligente, consegue fazer a brasilidade ser original. Não é um cinema de favela, fugimos do estereótipo, não tem nada de minimalista. Por isso, acredito, impactou o mercado internacional”, avalia o ator. A série se tornou a produção de língua não-inglesa mais vista da Netflix.
Bruno argumenta que, as diferenças orçamentárias de 3% em relação a produções internacionais, valoriza ainda mais o resultado.
“Um episodio de Stranger Things tem o dobro do orçamento de toda a nossa temporada. A gente conseguiu, com todas as dificuldades, enfrentado um governo com agenda anticultura, entregar um produto de qualidade”, defende.
Novo projeto
Durante a pandemia, Bruno Fagundes gravou um filme. Sim, em 12 dias, ele e o elenco filmaram Moscow, que ainda não tem data de lançamento. “É inacreditável. Das 12 diárias, eu fiz cinco. Brinco que coloquei um longa no meu currículo em tempo recorde”, diverte-se o ator
Apesar da empolgação, ele reconhece que foi difícil se adaptar aos novos tempos. “Eu venho do teatro. Então toda a preparação foi virtual, conheci o meu colega de cena no dia da gravação. Foi muito louco fazer isso, mas a produção tomou todos os cuidados”, conclui.