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Biografia da Televisão Brasileira: livro conta os primórdios da TV

Os jornalistas Flávio Ricco e José Armando Vannucci reúnem histórias e fatos sobre esse meio de comunicação

atualizado

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1 de 1 TV - Foto: Reprodução

A transmissão ao vivo da inauguração de Brasília, realizada em 21 de abril de 1960, só foi possível graças ao esforço incansável e heroico de um grupo de profissionais. Liderados por Nelson de Mattos, um dos responsáveis pela operação, uma equipe fez a instalação dos equipamentos que tornaram possível a chegada do registro ao estúdio da TV Tupi, no Sumaré, São Paulo. O link com as imagens e som captados no evento foi colocado num helicóptero cedido especialmente pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Essa é só uma das milhares de histórias contadas no belíssimo projeto Biografia da Televisão Brasileira, lançado recentemente pela Matrix Editora. Resultado de quatro anos de pesquisa e entrevistas realizadas pelos jornalistas Flávio Ricco e José Armando Vannucci, a obra, dividida em dois volumes, reúne mais de 300 pessoas ligadas à TV no Brasil e surgiu de um bate-papo com o apresentador Fausto Silva.

“O livro surgiu numa conversa sobre os grandes nomes da TV e os momentos marcantes. Reparamos que muita coisa estava perdida nas lembranças individuais e nos desafiamos a reunir isso”, conta José Armando Vannucci ao Metrópoles. “O nosso objetivo era contar a história do veículo de comunicação, e não de emissoras. Assumimos o compromisso de mostrar como surgia a televisão nos principais estados brasileiros, algo que não tinha sido feito até então”, pontua o autor e roteirista do Domingão do Faustão.

Assim, ao longo de 54 capítulos, o leitor fará uma viagem nostálgica, educativa e cheia de momentos curiosos e relevantes da trajetória da TV.

“A televisão é o grande veículo de comunicação de massa, responsável pela unificação de nossa cultura e mobilizador da sociedade para campanhas importantes. Ela conseguiu atravessar momentos difíceis, principalmente a censura do regime militar. Com isso, prestou um serviço ao país em todos os aspectos da cidadania”, avalia Vannucci.

Os pioneiros da TV
Está tudo lá. A inauguração das primeiras emissoras do país, como a TV Tupi de São Paulo, em setembro de 1950, e a TV Tupi Carioca, em janeiro de 1951; o primeiro telejornal da televisão brasileira, o Imagens do Dia, com locução, redação e produção de Ruy Rezende; os nomes inaugurais da teledramaturgia, por exemplo, Cassiano Gabus Mendes; assim como os primeiros programas humorísticos, destaque para A Praça É Nossa. No elenco, futuros astro comédia brasileira do quilate de Ronald Golias e Jô Soares.

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Juscelino Kubitschek na transmissão da inauguração de Brasília

 

Aliás, Biografia da Televisão Brasileira revela que a migração de grandes cartazes do rádio e do teatro foi determinante para o sucesso dos teleteatros e das primeiras novelas, embora muitos não se empolgassem com a novidade. Entre eles, a atriz Beatriz Segall, cujo papel da vilã Odete Roitman a consagraria nacionalmente.

Os detalhes da realização do primeiro Sítio do Picapau Amarelo, em 1952, na TV Tupi; a era de ouro das novelas; a importância do pioneirismo e ousadia de grandes figuras da TV, como o produtor, Walter Clark e o apresentador Silvio Santos; e o impacto dos realities shows estão entre os destaques dessa obra tão deliciosa de se ler.

 

Entrevista: José Armando Vannucci
A televisão mexeu com o comportamento do brasileiro ou o comportamento do brasileiro mexeu com a TV?
Os dois. Essa é uma relação muito íntima e particular. A televisão reflete o nosso povo e, ao mesmo tempo, as pessoas buscam nela o respaldo para as mudanças de comportamento. Nesse aspecto, a dramaturgia contribuiu de forma determinante para que tabus fossem quebrados, comportamentos alterados e avanços acontecessem na sociedade e nos direitos sociais.

Ninguém duvida do sucesso de público e merchandising do Big Brother Brasil. Mas, em termos de conteúdo, o programa empobrece a televisão?
Essa é uma discussão interminável. O que percebo é uma mudança na oferta de conteúdo do BBB. Mas, para quem faz o programa é muito difícil alterar algo se os números de audiência são altos e o faturamento atende às expectativas. O reality deste ano ampliou o ibope e, pelo menos até agora, apostou mais nos conflitos e táticas de jogo. Isso é um reflexo da mudança de comportamento do telespectador. O público gosta da dinâmica do reality e deseja um conteúdo a mais.

Passados anos da televisão no Brasil, você diria que ela é uma das melhores do mundo?
Sim. Fazemos uma TV que não está muito distante das melhores. Infelizmente, nosso mercado não tem a mesma força do americano. Trabalhamos com muito menos recursos e mais criatividade. Aliás, vale ressaltar que, como no início, a inspiração foi o rádio e o teatro, nossa TV é boa no improviso, no ao vivo e nas respostas rápidas para os problemas que surgem.

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Biografia da Televisão Brasileira. Autores: Flávio Ricco e José Armando Vannucci. Editora: Matrix. R$ 99.

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