Big Mouth 3 mostra a aterrorizante realidade de ser um pré-adolescente
Na terceira temporada, a série discute ainda mais problemas atuais sem perder o bom-humor e mostra como fazer piadas atrevidas
atualizado
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Vamos combinar uma coisa: ser adolescente nunca foi fácil. E Big Mouth, da Netflix, é a série perfeita para demonstrar tudo isso. O seriado continua sendo fiel às dificuldades que todos passamos durante a puberdade: a confusão sexual, baixa auto-estima, amizades e intrigas… Ah, os bons e velhos dias, não é mesmo?
Na terceira temporada, os personagens de Big Mouth passam por ainda mais transformações e até lidam com realidades contemporâneas. Situações aterrorizantes que gerações passadas não tiveram de enfrentar. Durante as primeiras duas temporadas, pessoas de qualquer idade poderiam rir junto com os protagonistas, lembrando de suas próprias vivências pré-adolescentes. Para a terceira temporada, Nick Kroll, Andrew Goldberg, Mark Levin e Jennifer Flackett decidiram comentar a sociedade atual.
A última vez que vimos a cambada foi no especial do Dia dos Namorados, quando Andrew (John Mulaney) tentou conquistar Missy (Jenny Slate) antes de arrancar seu novo crush de sua cadeira de rodas e ter seu cabelo arrancado. Nesta temporada, o pré-adolescente retorna à escola após um feriado de duas semanas (spring break) e, claro, ninguém esqueceu da sua gafe. Isso já entra no primeiro tópico de discussão quando Andrew alega que não conseguiu se controlar por conta dos seus hormônios.
Apesar do fato de que a maioria do público-alvo de Big Mouth cresceu em um mundo menos digital, os criadores trazem exatamente essa discussão para a série, juntamente com diversas outras que afetam a juventude atual. Cada episódio trata de um tópico diferente, sempre com uma fluidez impressionante. No entanto, as discussões pesadas abordam temas como o movimento #MeToo, a epidemia de drogas de tarja-preta, o espectro de sexualidade, a cultura incel e até incesto. A nova temporada é tão (se não, ainda mais) engraçada e sexual que as primeiras duas combinadas.
Ai Que Saudade Que Eu Tava De Relembrar Dos Meus Traumas Da Adolescência. ? pic.twitter.com/kfyBJmQVIy
— Netflix Brasil (@NetflixBrasil) September 17, 2019
Fica claro também, ao longo da série, que os adultos envolvidos na história não sabem lidar com os problemas deles mesmos, quem dirá com as situações dos filhos. A série perde o ritmo em apenas um episódio, onde eles discutem o vício das pessoas na tecnologia (um tópico que já foi discutido mais a fundo e de maneiras muito mais interessantes em seriados como Black Mirror), apesar de ter a performance da incrível Chelsea Peretti.
No entanto, a série acaba passando rápido enquanto o telespectador se perde nas histórias do despertar sexual de Matthew (Andrew Rannells), a masturbação feminina, uma aventura na Flórida e até como Duke Ellington (Jordan Peele) começou sua carreira. A nova temporada também introduz uma novata, Ali (Ali Wong), estudante pansexual que acaba afetando todos na escola da maneira apropriada para suas idades – a sexualidade da garota não vira o motivo das piadas.
Talvez a mais curta porém impactante história apresentada é uma de gaslighting entre o professor Lizer (Rob Huebel) e Lola (Nick Kroll). Ela, no entanto, é a culminação de uma cultura de masculinidade tóxica na escola – algo que o próprio educador não entende por completo, mesmo no primeiro episódio.
Ainda por cima a nova temporada dá visibilidade a bisexuais e pansexuais, explicando também todas as variações no espectro de sexualidade de um jeito longe de ser condescendente (“Essas crianças e seus pronomes não-binários, ha-ha-ha”). Ainda assim, tratam o assunto com gentileza, humor e muita informação.
Avaliação: Excelente