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Audiência dos canais abertos caiu 17% no século 21: streaming só cresce

Dados do Kantar Ibope indicam a baixa nos principais canais do Brasil. Especialistas explicam o fenômeno

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1 de 1 Controle de TV - Foto: Glenn Carstens-Peters/Unsplash

O mercado audiovisual passa por um momento de transformação acelerado. Enquanto cresce o streaming, as televisões abertas enfrentam forte queda. Segundo dados do Kantar Ibope, nos últimos 20 anos, a audiência da televisão aberta caiu (somado todos os canais) 17%.

Quando analisa-se o desempenho das emissoras individualmente, os números mostram, por exemplo, que a Globo perdeu 20% da audiência no século 21. No SBT, a queda é de 40%, entre 2001 e 2020. A exceção à regra é a Record, que aumentou 51%. RedeTV e Band caíram 39% e 24%, respectivamente.

A mudança da Record, no entanto, encontra mais base na história da emissora do que em um possível crescimento da TV aberta. No começo do século, o canal fez grandes investimentos em novelas e jornalismo. Assim, de 2001 a 2020, a audiência aumentou de 3 para 4,5 pontos – ficando ainda atrás do SBT e da Globo.

“As TVs se mantêm no mesmo padrão de programação há anos e, por mais que esteja enraizada na cultura brasileira, [enfrenta dificuldades com] a chegada do streaming, com uma cartela maior de opções”, avaliou Mariana Mói, professora de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário UNA.

A comparação com o streaming faz sentido. Dados também da Kantar Ibope indicam que, em conjunto, os serviços de vídeo em demanda representam a segunda maior audiência do país, apenas atrás da Globo.

Mudanças aceleradas

Os números, no entanto, levam em consideração o streaming que é consumido em televisões, ignorando o conteúdo acessado por celulares, computadores e tablets. A estimativa é que, durante a pandemia, o consumo de conteúdo desta forma tenha crescido em 20%.

Para Gilson Schwartz, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), a queda de audiência dos canais de TV aberta tem três motivos principais.

“Primeiro, o fracasso do modelo de publicidade. Segundo, a expansão das alternativas ao longo de vários ciclos rápidos, sucessivos e intensos. Finalmente, com altos e baixos, houve avanços importantes do ponto de vista do acesso a bens e serviços após a estabilização de preços, abrindo alternativas de lazer”, explicou.

O especialista também reforça que, de certa forma, a TV tradicional está sempre correndo atrás das mudanças. “Do ‘velho’ VHS passando por BlueRay, chegando a TV a cabo, YouTube e agora streaming no celular ou canais de Video on Demand incubados em negócios como Amazon e outros, a indústria audiovisual nos últimos 20 anos vem passando por uma revolução permanente e irreversível”, completa.

O futuro do mercado

Para a maior parte dos analistas, o streaming parece ser o futuro da indústria audiovisual. Prova disso é que as ações da Netflix bateram recorde, elevando o preço da empresa para mais de R$ 1,1 trilhão.

Gilson Schwartz aponta para outro diferencial competitivo. “Com a chegada do 5G, o acesso rápido a conteúdos em streaming será ainda mais intenso. Portanto me parece bastante provável que as TVs tradicionais continuem sofrendo essa perda de audiência e relevância”, conclui.

Conteúdo diferente

Nos últimos 20 anos, os principais produtos oferecidos pela televisão aberta não sofreram mudanças muito grandes. Novelas e programas de auditório tentam outras estratégias para ganhar mais público, porém, seguem mudando lentamente.

No outro lado do ringue, os streamings trouxeram novidades para o público. Talvez a mais marcante seja o hábito de maratonar, assistindo todos os episódios de uma só vez.

Outras mudanças se dão no próprio conteúdo, com séries produzidas e distribuídas mundialmente, e com produção mais ágil, promovendo debates atuais.

No Brasil, atualmente, funcionam a Globoplay, Starzplay, HBO Go, Amazon Prime Video, Netflix e outros.

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