Atriz celebra sucesso de personagem trans: “Todos amam Britney”
Glamour Garcia é uma mulher trans e se orgulha de sua primeira oportunidade na televisão
atualizado
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Como se costuma dizer por aí, Britney “chegou chegando” em A Dona do Pedaço e se tornou uma das personagens mais interessantes da novela. A personagem, vivida pela atriz Glamour Garcia, inaugura um novo ciclo na televisão: uma artista transexual vivendo uma trans nas telas. Ao longo dos capítulos, o público acompanhou a sua mudança e o desenvolvimento de um romance com Abel (Pedro Carvalho), empregado da fábrica de Maria da Paz (Juliana Paes).
No começo da trama, a personagem ainda se apresentava no masculino, com o nome de Rarisson. Assim, o público pode ver sua luta para se encontrar dentro do próprio corpo, assumindo a identidade de Britney. O mérito do sucesso é de Glamour Garcia, que contou com o apoio de Walcyr Carrasco, na escolha do elenco.
“A repercussão está sendo maravilhosa! Fico tão emocionada que nem consigo expressar todo esse sentimento”, vibra a atriz de 30 anos, nascida em Marília (SP).
Foi o próprio Walcyr Carrasco, diretor de A Dona do Pedaço, que convidou a atriz para realizar um teste. Glamour correspondeu às expectativas e conquistou o papel de Britney. Então, viveu uma sensação única e especial ao colocar os pés nos estúdios da maior emissora do Brasil.
“Eu nunca tinha estado na Globo e, em janeiro, a gente oficializou minha participação na novela. Tem sido tudo incrível”, diz ela, com exclusividade, para o Metrópoles. Se a família e os amigos estão felizes pelo sucesso da atriz, os telespectadores não deixam por menos e têm a impressionado Glamour com as demonstrações de carinho. “Fazer a Britney é sinônimo de alegria, emoção e amor. As pessoas podem se reconhecer nela, não só no tom de representatividade LGBT. Todo mundo ama a Britney e esse amor alimenta as pessoas”, diz a atriz.
Reviravolta
A reviravolta profissional vivenciada por Glamour é impactante. De uma hora para outra, ela se viu contracenando com alguns dos mais importantes atores da história da TV brasileira, como Marco Nanini, Betty Faria, Rosi Campos, Tonico Pereira e Suely Franco. Uma “escola” e tanto.
A atriz sabe que está tendo uma oportunidade de ouro. “Tenho muito orgulho de trabalhar com pessoas que são referência no teatro, na TV e no cinema brasileiro. Rosi Campos e Suely Franco são pessoas que mudaram minha vida. As três estão sempre comigo e incentivam minha capacidade profissional e criativa. Tonico Pereira e Marco Nanini estão marcando minha vida de uma forma incrível. O Pedro Carvalho já se tornou meu melhor amigo. E me apaixonei pela Juliana Paes e sua generosidade como artista”, elogia a atriz.
Repercussão
As cenas de Britney e Abel têm dado o que falar. Por enquanto, o boleiro não sabe que a colega de trabalho – provadora de bolos na fábrica de Maria da Paz – é transexual. Dessa forma, ele não para de jogar charme para cima da jovem loira. A trama tem chamado a atenção do público.
Glamour tem sentido a repercussão nas ruas. “Todo mundo quer saber sobre o romance da Britney com o Abel. Acho muito importante falar sobre essa trama, mas ela ainda vai se desenvolver de várias formas, e eu mesma não sei onde vai dar e o que vai acontecer”, conta a artista, que é casada com o produtor Gustavo Dagnese.
Apoio da família
Ciente da importância que possui por ser uma atriz transexual vivendo uma personagem de destaque em pleno horário nobre, Glamour Garcia não se furta de falar sobre sua própria vida. Ela garante ter uma ótima relação com os pais e toda a família.
“São as pessoas mais importantes da minha vida e devo tudo a eles. Meu pai é da década de 1980 e viveu em um período muito machista. Minha mãe é psiquiatra e sempre teve um entendimento sobre a situação. Conheci uma transexual pela primeira vez aos 21 anos, e isso foi uma grande revolução na minha vida, porque entendi que eu era a evolução construtiva no meu meio e tinha este papel”, destaca Glamour.
Glamour, contudo, conta que o caminho percorrido até o brilho em A Dona do Pedaço não foi fácil. A percepção de si mesma como uma pessoa com essência feminina em um corpo masculino surgiu na adolescência. Algo que a levou a lutar para ser como sentia que deveria ser. “Eu comecei a desenvolver a feminilidade na adolescência e, aos 18 anos, fui viver e lutar pela minha própria vida. A percepção já se dá desde os primeiros anos. Hoje em dia a gente vê pessoas trans com 60 anos que ‘se tornam’ e muita gente não acredita. Ela já nasceu assim, mas por um contexto histórico, não desenvolveu. Todas as pessoas transexuais sentem isso desde a infância. Já foi comprovado”, finaliza.