Atores de DNA do Crime sobre empatia com policiais: “É muita pressão”
Em entrevista ao Metrópoles, Maeve Jinkings e Rômulo Braga contam como é estar na pele de policiais em combate com facções criminosas
atualizado
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Sob o estigma de estar entre as que mais matam e morrem no mundo, as polícias brasileiras estão longe de ser unanimidade na percepção da população. A atriz Maeve Jinkings, estrela de DNA do Crime, nova série brasileira da Netflix, afirma que estar na pele da agente Suellen mexeu com a sua forma de enxergar a categoria profissional.
“Entender o tanto de pressão e tudo que está em jogo no corpo dessas pessoas me fez ter muito mais empatia por esse ofício. E isso ad infinitum, né? É a rotina deles”, contou a atriz em entrevista concedida ao Metrópoles, ao lado de Rômulo Braga, intérprete do policial federal Benício, seu parceiro de cena.
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Primeira e mais cara produção do gênero assinada pela Netflix no Brasil, DNA do Crime estreou na última terça-feira (14/11), explorando o trabalho da Polícia Federal no combate aos os crimes de fronteira, mais precisamente o domínio de cidades. Para além das sequências de ação que o enredo pede, a série aborda aspectos humanos, como o impacto que o trabalho gera na saúde mental dos profissionais de segurança pública.
“A gente foi fazer aula de tiro, de direção ofensiva, mas também estudamos o aspecto humano, doméstico, as relações familiares, os traumas, as dificuldades de manter essa humanidade no meio de um ofício que facilmente te mecaniza também… Porque é isso: você precisa encontrar essa austeridade emocional que o ofício exige deles”.
Maeve Jinkings
Na pele de um policial que perdeu o parceiro de trabalho durante uma operação, Rômulo Braga destaca a experiência de passar mais de 12 horas por dia com uma arma presa ao corpo durante as gravações. “Também tínhamos que usar coletes. Durante o processo, a gente foi entendendo que com aquilo a gente era uma pessoa e sem aquilo, nos transformávamos em outra”, salienta o ator.
“E eu percebi que tinha uma ‘entidade’, sabe? Essa entidade policial que caminhava junto com a gente ali. Quando a gente ia dormir, sentia que aquelas ferramentas de trabalho continuavem com a gente. Ouvimos relatos, por exemplo, de policiais que estavam com a gente no set, e só conseguiam dormir com o revólver embaixo do travesseiro, mesmo vivendo em uma casa segura”.
Rômulo Braga
Adepto de uma ideologia anti-armamentista, Rômulo explica que a vivência o levou a fazer ponderações. “A gente começa a entender a necessidade, eu diria, dessa ferramenta como extensão do corpo do policial”.
Nesse sentido, o ator sai em defesa dos “bons profissionais”. “As notícias, o que a gente vê nas páginas policiais e tal, não chegam nem próximo do que é a vida desse tipo de polícia investigativa que vai para para o combate. Acho que é uma vida muito dura, muito difícil”, reflete Rômulo.
“Há bons profissionais e maus profissionais em todos os lugares. Mas as pessoas que estão muito compromissadas com ofício são pessoas muito fortes assim, sabe? Pessoas que carregam uma força espiritual enorme, para lidar com tanta adversidade psíquica, sabe?”