Associação Brasileira Intersexo detona mudança em Renascer: “Triste”
Para entidade representantiva, decisão de Bruno Luperi para o remake contribui para apagamento de pessoas intersexo
atualizado
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A Associação Brasileira Intersexo (Abrai) criticou mudança feita por Bruno Luperi no enredo de Buba, em Renascer. Na primeira versão, a personagem era uma pessoa intersexo: se apresentava como mulher e possuía caracteríscas do corpo masculino, como o órgão genital. Na atual, ela é uma mulher transexual e é vivida pela atriz trans Gabriela Medeiros.
“É muito triste fazerem esse apagamento da única personagem intersexo que já teve em uma novela brasileira”, afirmou Thaís Emília Campos dos Santos, presidente da ABRAI, ao portal Heloisa Toplan.
“A gente tem recebido inúmeras queixas e angústias de pessoas intersexo desde que foi anunciado que a Buba não seria mais assim. Por que não fazê-la trans intersexo, por exemplo?”, questionou a porta-voz.
Entenda o que é intersexo
Ao fim de todo ano, o Google divulga a lista de termos mais procurados nos últimos 12 meses. Em 2023, uma palavra chamou atenção: intersexo. O termo teve um boom na internet após a declaração de Karen Bachini, influencer que afirmou ser intersexo em março.
De acordo com a influenciadora — que viralizou ao criticar a base de Virginia Fonseca — em um vídeo postado em seu canal no YouTube, ela tem os genitais e órgãos internos referentes ao sexo feminino, mas não produz hormônios.
Karen ainda contou que, aos 18 anos, descobriu ter um ovário pequeno e que não tinha glândulas mamárias.
“Naquela época, me foi dito que eu tinha menstruado em alguma parte da minha vida e entrei na menopausa. Mas eu sempre achei isso muito estranho porque, se eu tivesse menstruado, eu saberia”, contou.
A cada 100 nascimentos, um bebê é intersexo, de acordo com a Sociedade Norte Americana Intersexo. Segundo a entidade, são pessoas cujos corpos não são nem femininos nem masculinos – antigamente chamadas de hemafroditas, termo pejorativo que caiu em desuso.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 0,05% e 1,7% da população mundial nasce com essas características.