Aos 93 anos, Tony Tornado celebra luta contra o racismo na televisão
Precursor do movimento na teledramaturgia brasileira, Tony Tornado está no ar na novela Amor Perfeito, da Globo
atualizado
Compartilhar notícia
Com uma trajetória de sucesso, Tony Tornado, aos 93 anos, pode ser considerado um patrimônio da cultura brasileira. Atualmente, no ar em Amor Perfeito, novela da TV Globo, o ator impressiona o público pela longevidade e vontade de continuar com seu ofício.
Ele começou a carreira artística como cantor nos anos 1970 e estreou na teledramaturgia em 1972, na TV. Atuando há 51 anos, Tornado é um nome de importância na representatividade de pessoas negras na televisão, já que é um dos precursores do movimento no Brasil.
Em entrevista ao Metrópoles, Tony Tornado explicou o que há por trás de toda vitalidade.
“Amar viver; buscar fazer o que se ama; acreditar no seu potencial em todo momento, independentemente do que falarem; ser sempre grato e não se preocupar com as dívidas”, brincou. O ator revelou ainda que não tem planos de se aposentar e que ainda pretende acompanhar a carreira de seu filho, Lincoln Tornado, de perto.
“Os planos são trabalhar atuando, pois ainda estou aguardando o melhor personagem, fazer shows, pois temos um show que rodou todo o Brasil junto ao meu filho, Lincoln Tornado, que é cantor e também ator. Meus desejos profissionais são fazer o melhor personagem da minha carreira, pois sei que o melhor está por vir”, afirma.
Representatividade
Durante o bate-papo, Tony Tornado ressaltou a importância de sua carreira para o protagonismo negro que vem ganhando força na teledramaturgia, e lembrou um episódio triste que o motivou:
“Acredito que nós precisávamos nós. Buscar nosso lugar de igualdade. Lembro-me da novela A Cabana do Pai Tomás, que pintaram o Sérgio Cardoso para se passar por um negro. Ali foi forte demais para nós e despontamos na luta. Hoje fico feliz de saber que temos pretos protagonistas. Brado então uma das minhas frases de vida: ‘A luta continua, porque a vitória é certa'”.
O ator, apesar de acreditar que a disparidade racial está longe de deixar de existir, principalmente na televisão, comemora e vibra as conquistas para nova geração de atores negros.
“São protagonistas sem serem capangas, bandidos ou capatazes, tipos de personagens que os negros ‘tinham espaço’. Avançamos muito. É claro que ainda estamos engatinhando, mas o trem está nos trilhos. Falta só pegar mais velocidade”, celebra.
Ao falar sobre o assunto, Tony, que vive um frei na novela das 18h da Globo, relembrou ainda que tinha dificuldades de ser selecionado para um papel que fugia de seu “esteriótipo”: “Normalmente a imagem que você tem dita o personagem. É difícil pensarem que um ator de 2 metros, por exemplo, possa fazer um caixa de supermercado. Ele provavelmente fará o segurança ou policial. Isso limita muito o trabalho do ator”.