Análise: Globo se joga no erro de tentar imitar a internet
Novo programa da emissora acumula impressões negativas em sua semana de estreia
atualizado
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Lançado na última segunda-feira (30/09/2019), o Se Joga começou com aquela cara de que vai acabar rapidamente. Um bom termômetro foi a repercussão ruim nas redes sociais – com comentários mais engraçados do que o próprio programa. Mas onde está o erro da nova aposta da Rede Globo?
Uma pista pode ter sido dada por um apresentador da concorrente Bandeirantes. Milton Neves foi ao Twitter esculachar o Choque de Cultura Show.
“Se Joga”: até o nome é ruim, mas pior mesmo é um tal “programa” de chatos 15 minutos antes do futebol aos domingos na Globo. Sem graça, mala e enfadonho. Como um canal tão nobre e tão líder inventa uma trolha daquelas?
— Milton Neves (@Miltonneves) October 1, 2019
Evidentemente, Milton Neves está errado: Choque de Cultura é uma das novidades mais legais no universo dos “guerreiros do audiovisual brasileiro”. Porém, esta atual temporada, acrescida do adjetivo “show”, parece mais fraca do que as outras: e um dos motivos pode ser justamente a chegada à Globo.
Trazer youtubers para o elenco é uma estratégia da emissora para tentar atrair os telespectadores mais jovens: dados mostram que o Brasil só perde para Índia no consumo de vídeos por streaming, com destaque para o YouTube.
Quando o assunto é redes sociais, somos novamente o segundo no ranking global de uso das redes sociais. Em média, o brasileiro fica 150 minutos por dia no Twitter, Instagram, Facebook etc. O resultado disso são milhões de memes, talvez nosso grande produto na indústria criativa.
No caso do Choque de Cultura, a pauta do programa ficou atrelada aos filmes exibidos na faixa do Temperatura Máxima. E isso, infelizmente, prejudicou as tiradas dos nossos bravos motoristas. E o tal cenário com plateia… Sei lá, não me convenceu!
Se Joga
Porém, o foco aqui não é o bom Choque de Cultura. O problema é o ruim Se Joga, ancorado por Fernanda Gentil, Érico Braz e Fabiana Karla. Para dinamizar o desgastado formato de game show, a direção global tenta emular no estúdio o ambiente das redes sociais.
Essa premissa não tinha, de fato, como funcionar. A internet tem sua própria linguagem – 100% baseada em memes ou gritos de youtubers – e a televisão, ao longo de suas décadas de existência, criou sua forma de entreter.
Veja os comentários negativos em relação à estreia do Se Joga:
É possível dinamizá-la sem apelar para um grande telão emulando a tela do WhatsApp, com direito a áudio. Quem, em sã consciência, quer ouvir um áudio na TV?
Exemplos de novas linguagens não faltam. The Politician, da Netflix, inova ao acrescentar o dinamismo do mundo atual nas séries. A própria Globo conseguiu isso com o Tá no Ar: A TV na TV e, com um pouco menos de sucesso, no Zorra.
Tentar transformar um programa numa grande timeline do Twitter ou num grupão de zap zap vai fazer a atração “se jogar” no lixo.