5 razões para ver “Vinyl”, série de Scorsese e Mick Jagger sobre rock
Crônica dos excessos e achados do rock dos anos 1970, seriado conta os bastidores de um estúdio por meio de um empresário musical. Primeira temporada termina em 17 de abril
atualizado
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Bandas glam e pré-punk, executivos da indústria fonográfica tentando reprisar os anos 1960, garrafas de uísque e carreiras de cocaína espalhadas por escritórios e camarins. Crônica do rock da década de 1970, a série “Vinyl” reúne elementos históricos e míticos para retratar aqueles tempos na forma de uma fábula semi-histórica. Quem assina o programa também pretende garantir um certo ar de “relato não oficial”: Martin Scorsese, Mick Jagger, dos Rolling Stones, Terence Winter, roteirista de “The Sopranos”, e o jornalista Rich Cohen. O seriado passa na HBO aos domingos, às 22h, e tem episódios disponíveis do Net Now.
Abaixo, listamos algumas razões para acompanhar as loucas histórias roqueiras de “Vinyl”. A primeira temporada do seriado tem 10 episódios e termina em 17 de abril.
Parece os filmes de máfia de Scorsese
De descendência italiana e cubana, Bobby Cannavale é o tipo perfeito para viver o empresário musical Richie Finestra. Em 1973, ele zanza por Nova York atrás de uma banda que salve a pele de seu selo, prestes a declarar falência. Ao mesmo tempo, se conseguir recrutar a Led Zeppelin ou qualquer outra sensação, pode emplacar uma venda para os executivos alemães da gravadora PolyGram.
Finestra exala tensão, tem trejeitos de Henry Hill (Ray Liotta), o mafioso de “Os Bons Companheiros” (1990), e circula entre hippies cansados e homens que parecem saídos da Cosa Nostra. Scorsese, diretor que tantas vezes usou Rolling Stones em trilhas sonoras, dirigiu o piloto e ali inseriu várias marcas registradas de seu hiper-realismo: a irônica narração em off, personagens entorpecidos por drogas e passagens delirantes ao som de Chuck Berry, entre outras gemas roqueiras.
É a cara da HBO
Da clássica “The Sopranos” às guerras palacianas de “Game of Thrones”, o canal é reconhecido por entregar programas com um padrão mínimo de qualidade e ousadia.
Nos termos do entretenimento “adulto” proposto pela HBO, “Vinyl” cumpre bem o que se espera: roteiros que não economizam nos palavrões, certa liberdade em cenas de sexo e consumo de drogas e uma superfície que consegue formatar o estilo de Scorsese à escala da telinha. Para ele, aliás, a experiência não é nova: “Boardwalk Empire” (2010-2014), seriado anterior produzido por Scorsese, também é da HBO.
Os roqueiros e seus covers
Já no episódio piloto, a banda Led Zeppelin aparece em conflitos sobre divisão de lucros com Finestra. Outras “imitações” reforçam o interesse de Jagger e Scorsese em mostrar a intimidade com os bastidores do rock – e seus personagens.
Numa cena de delírio que se repete ao longo do primeiro capítulo, Finestra vê um show eletrizante dos New York Dolls tocando “Personality Crisis”. Em momento de singela ironia, ele ridiculariza o som ouvido pelos executivos antes de uma reunião: eram os suecos do ABBA, ainda desconhecidos.
Vários outros nomes dão autenticidade à ambientação histórica: John Lennon (Stephen Sullivan), Andy Warhol (foto acima, vivido pelo cineasta John Cameron Mitchell), Lou Reed (Connor Hanwick) e David Bowie (Noah Bean), entre outros tantos.
James Jagger, filho de Mick, e os Nasty Bits
Banda quase famosa – ou nem isso –, a Nasty Bits traz James Jagger, filho de Mick, no papel do vocalista e guitarrista Kip Stevens. Agressivo e ríspido no palco, o inglês parece se comunicar com o que há de mais selvagem na plateia, que responde atirando garrafas e falando palavrões. Seu primeiro contato com a gravadora de Finestra se dá por meio de Jamie (Juno Temple), funcionária que pretende sair do marasmo de mera assistente e descobrir a próxima grande banda de rock.
A narrativa estilo jornalismo gonzo – mas sem jornalistas
A maneira mais frequente de registrar um certo espírito de época é colocar um jornalista no olho do furacão. Uma testemunha ocular cujo trabalho é ouvir as pessoas, observar o que elas fazem, viver o que elas vivem e escrever histórias sobre essa experiência. Isso já foi visto inúmeras vezes no cinema, a exemplo de “Quase Famosos” (2000). Em “Vinyl”, o “informante” é, na verdade, um sujeito da própria indústria.
O fato de ele ter bom ouvido para fisgar talentos e circular pelos bastidores dos negócios fornece uma autenticidade ainda mais vibrante. Finestra não é um interlocutor daqueles tempos, mas um intruso colocado ali por um capricho nostálgico dos tempos atuais, um alter ego de Scorsese e Jagger que parece ter viajado no tempo para contar sua versão da história – tão real quanto ficcional.
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“Vinyl” é exibido aos domingos, às 22h, na HBO
Episódios disponíveis no Net Now