10 discos essenciais para entender a atmosfera da série “The Get Down”
Ambientada nos anos 1970, a produção da Netflix traz as origens do rap, que coincide com a perda do glamour das discotecas
atualizado
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“Get down” é uma gíria urbana que pode significar muitas coisas. Entre elas, dançar e transar. Era também um chamado para as pistas de dança da dourada era disco. A Netflix, em mais uma de suas superproduções, vai até o Bronx, em Nova York, e traz as origens de um dos gêneros mais populares do fiml do século passado: o rap, que coincide com a perda do glamour das discotecas.
Com a mão fantástica do diretor australiano Baz Lurhmann (“Romeu + Julieta”, “Moulin Rouge”), “The Get Down” é mais uma obra prima do gênero. O Metropoles convidou João Marcondes, da loja de vinis Marcondes & Co. para fazer a lista dos 10 discos essenciais para entender a atmosfera da série!
“Shaft” (1971) – Isaac Hayes
Nos anos 1970, explodiram os filmes blaxpoitation, que “exploravam” a imagem urbana da comunidade negra. Esta trilha sonora imortalizou Isaac Hayes (que mais tarde seria conhecido pela voz do“Chef” de South Park), uma das gargantas roucas mais célebres da soul music. O caldo de sexo, drogas, violência já se anunciava como o fermento do rap.
“Roots” (1971) – Curtis Mayfield
Autor de um dos álbuns mais influentes do soul, funk e rhythm & blues, Mayfield foi um dos primeiros letristas a colocar crítica social na soul music. Suas batidas serviram de samplers para muitos raps. “Roots” ainda traz o clássico “Get Down”, onde nunca o sexo e a música estiveram tão juntos.
“Small Talk at 125th and Lenox” (1971) – Gil Scott Heron
Considerado pai do rap, Heron estourou em seu disco de estreia com a música protesto “The Revolution Will Not Be Televised”, até hoje marco contra a manipulação midiática e um chamado à luta. Intelectual, poeta e jazzy, Gil Scott permanece indispensável.
“Doing It to Death” (1973) – The JB’s
A banda de James Brown contava com músicos de jazz pirados no funk como Maceo Parker, Fred Wesley e Pee Wee Ellis. Sobre as batidas de funk, Brown “falava” mensagens que traziam à tona o orgulho negro in a sexy way com dinâmica gospel. Um dos mais sampleados de todos os tempos.
“Bad Girls” (1979) – Donna Summer
No fim da década, Donna Summer, a rainha da disco, lança esse álbum, quase um canto do cisne do estilo. As danças coreografadas e roupas coladas da disco sairiam logo de cena, dando vez ao estilo vestes folgadas e discurso no microfone do rap. Além da envolvente faixa título, o disco ainda tem o mega sucesso “Hot Stuff”.
“Kurtis Blow” (1980) – Kurtis Blow
Primeiro rapper a fazer sucesso comercial, assinar com grandes gravadoras e fazer turnês, Blow começou como DJ nos anos 1970 para depois tornar-se o modelo perfeito de “mestre de cerimônias” (MC), o homem do microfone. Seus hits “The Breaks” e “Christmas Rappin” incendiavam o chão no qual os B-Boys rodopiavam na dança que ficou conhecida como break.
“The Message” (1982) – Grandmaster Flash and the Furious Five
Criado no Bronx, Grandmaster Flash é peça central no seriado. Pioneiro do rap, ele inventou vários “movimentos” na turntable (a mesa doubledeck dos DJs) como o cutting e o back spinning, que até hoje são cartilha de qualquer disc jockey que se preze. Junto à radicalidade das batidas, vieram as letras sobre o cotidiano no violento bairro de Nova York.
“Planet Rock: The Album” (1986) – Afrika Bambaata & The Soulsonic Force
Outro nome fundamental do hip-hop, introduziu elementos da música eletrônica, inclusive sampleando a banda alemã pré-techno Kraftwerk. Essa coletânea de singles traz a música “Planet Rock” (de 1982), um marco para o gênero, que antecipou e deu as diretrizes para o Miami Bass, Detroit Techno e, mais tarde, house e trance.
“King of Rock” (1985) – Run DMC
O duo rapper, com origens no Queens, adicionou rock às batidas eletrônicas e influenciou, no jeito de vestir, o estilo gangsta politizado, que depois prosperou com o Public Enemy e o Boogie Down Productions. As guitarras se juntaram ao rap para nunca mais se separarem e ditarem o futuro do estilo na década de 1980.
“Goog God! Born Again Funk” (2010) – Vários artistas
Coletânea lançada pelo selo americano Numero Group que traz a intersecção entre as canções de louvor cantadas nas igrejas dos bairros negros e o funk que invadiria as pistas nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Uma seleção de canções obscuras que evocam o conteúdo espiritual da música afrodescendente.