Violência doméstica é tema da peça “Cicatrizes”, no Teatro do Perdiz
O espetáculo faz parte da programação do nova sede do histórico teatro, na 710 Norte, que retoma as atividades aos poucos desde que foi inaugurada
atualizado
Compartilhar notícia
Fora de cartaz por alguns anos, o Teatro Oficina Perdiz ganhou nova sede, reinaugurada em junho do ano passado. Desde então, retoma as atividades aos poucos. O espaço, ícone na cultura brasiliense, recebe neste sábado (9/4) e domingo (10/4), espetáculo “Cicatrizes”, com Maria Moreira, Ernandes Silva e Fernando Bressan no elenco.
A peça tem como fio condutor a violência doméstica. “O interesse pelo tema surgiu há mais de 20 anos, quando cheguei a Brasília. Eu trabalhava num sacolão e lá ouvia relatos de diferentes mulheres. É um assunto que precisa ser discutido e levado para os palcos”, diz o pernambucano Ernandes, que na peça é também diretor e dramaturgo.Ele conta que a primeira montagem de “Cicatrizes” surgiu ainda em 2011, para um festival de teatro na cidade de Laranjeiras (SE). “Ela chegou a ser indicada a melhor espetáculo pelo júri popular. Tivemos uma resposta muito forte do público. As pessoas contavam suas experiências. Infelizmente, esse tipo de violência é muito comum. Ela acontece em todas as classes sociais e costuma começar com palavrões, empurrões e pequenas restrições de liberdade”, conta.
Depois de ver filmes, ler reportagens e conversar com mulheres que viveram e ainda vivem esse tipo de realidade, Maria, Ernandes e Fernando trabalharam durante 10 meses na nova versão da peça. Em cena, a dura realidade da protagonista Sônia, esposa de Fred, militar autoritário.
“Sônia é advogada e conhece as leis. Ela poderia mudar a realidade que vive, porém, não faz nada para que isso aconteça. ‘Cicatrizes’ não tem intenção de apontar o que é certo ou errado, mas instigar o debate. Por que duas pessoas insistem em um relacionamento que não está dando certo? Isto é amor?”, questiona o ator e diretor.
Ernandes também faz questão de destacar que esta não é uma peça agressiva, apesar do tema. “Eu já tratava desse assunto em 2014, em ‘Sétimo Dia”. Era a história de uma mulher que se via livre com a morte do marido. Até então, ela sobrevivia em um relacionamento marcado por traições e outras violências”, lembra o ator, cuja estreia, coincidentemente, foi no Teatro Oficina Perdiz em 1997. Naquele ano, ele participou de “Amor por Anexins”, sob direção de Jeff Moreira.
Sábado (9/4) e domingo (10/4), às 20h, no Teatro Oficina do Perdiz (710 Norte, Bloco E, Loja 48). Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Reservas: emcommaproducoes@gmail.com. Informações: 9508-4994. Não recomendado para menores de 10 anos.