Vida de Zé Celso foi marcada por assassinato do irmão. Saiba mais
Luis Antônio, irmão de Zé Celso, foi assassinado com 107 facadas em seu apartamento no Rio de Janeiro (RJ), em 1987
atualizado
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Zé Celso, ícone do teatro brasileiro que morreu nesta quinta-feira (6/7), aos 86 anos, teve a vida marcada por uma tragédia: o assassinato de seu irmão caçula, Luis Antônio, morto a facadas em 1987.
Enquanto o diretor, dramaturgo e ator Zé Celso estava internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo (SP), após ter mais de 50% do corpo queimado durante um incêndio em seu apartamento, o encenador Gerald Thomas relembrou a morte violenta do familiar do artista em um post no Instagram.
Na publicação, ele relembrou como o amigo o procurou no dia da perda: “É 1987: o telefone toca no meio da noite e alguém está gritando. Eu quero desligar, mas não consigo. Parece que conheço esta voz. Sim, eu conheço esta voz. É do Zé Celso. ‘É meu irmão, Gerald! É meu irmão!!! Corra até a casa dele, Gerald. Corre, vai. Por favor. Tá horrível’. Reconheci o pânico em sua voz. Fazia pouco tempo que eu estava no Brasil, na casa da minha mãe. Me vesti e corri porta afora, meus joelhos tremiam. O Luis Antônio morava a um quarteirão de lá”.
“O Luis Antônio morava a um quarteirão de lá. Quando cheguei no prédio da Rua Maria Quitéria, a polícia já estava lá e eu senti o cheiro do terror, do horror no ar. O que aconteceu? Luis Antônio Martinez Correa, 37 anos, havia sido assassinado. Sim, Zé Celso e eu somos muito próximos (muito próximos) há quase 40 anos. Te amo, Zé e Marcelo. Estou rezando e…(sim, rezando) E COM O CU E O CORAÇÃO NA MÃO”, finalizou o amigo de Zé.
O Crime
Luis Antônio foi assassinado com 107 facadas em seu apartamento, em Ipanema, zona sul do Rio. Dias depois, o surfista Gláucio Garcia de Arruda foi preso após ser identificado pelo porteiro como a última pessoa a sair do apartamento do diretor.
Pela brutalidade com que Luis Antônio foi assassinado (a polícia o encontrou nu na cama, com mãos e pés amarrados), a classe teatral viu no crime um ato de homofobia. A cada 23 de dezembro, data da morte do diretor, o Teatro Oficina realizava uma homenagem, o Rito de Ethernidade de Luis.