Produzido no DF, musical “O Fole Roncou” estreia em Campina Grande
Inspirado no livro “O Fole Roncou — Uma História do Forró”, espetáculo dirigido por Sérgio Maggio é produzido pelos mesmos realizadores do Maior São João do Cerrado
atualizado
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Quatro anos depois de lançado, o livro-reportagem “O Fole Roncou — Uma História do Forró” (Editora Zahar) ganha os palcos em formato de peça musical. Patrocinada pela Prefeitura de Campina Grande, a montagem estreia em pleno “maior São João do mundo”. Além de sessões no Teatro Severino Cabral, o espetáculo será apresentado no Parque do Povo (onde é realizada a festa) e nos distritos de Galante e São José da Mata.
No entanto, livro e musical têm origem em Brasília. Escrito por dois jornalistas paraibanos radicados na capital, Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues (editor de entretenimento e gastronomia do Metrópoles), “O Fole Roncou — Uma História do Forró” repassa em 504 páginas sete décadas de um dos gêneros musicais mais populares do país, o forró, e de seus ídolos, nomes como Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e Genival Lacerda.
De Odair a Gonzagão
A ideia de transpor para o palco as muitas histórias narradas no livro foi do jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio (que assina a coluna “Tipo Assim” no Metrópoles). Baiano também radicado em Brasília, Maggio montou em 2014 outro musical baseado no universo da música popular, “Eu Vou Tirar Você Desse Lugar — As Canções de Odair José”, que fez temporada nos CCBBs de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
“Quando o Carlos Marcelo assistiu ao ‘Odair’, encontrei com ele na saída do CCBB e ele me falou que achava que o ‘Fole’ daria um musical. Em outra oportunidade, Rosualdo comentou a mesma coisa. Fiquei com aquilo na cabeça”, conta Maggio.
Na temporada paulista, foi a vez da produtora Edilane Oliveira assistir ao musical, duas vezes. “Ela marcou comigo um café e falou do desejo de produzir um musical para comemorar os 10 anos do Maior São João do Cerrado. Aí eu tirei o livro do bolso”, completa o diretor.
Muitas histórias em uma
Para dividir com ele a autoria do roteiro, Maggio chamou um dos autores, Rosualdo. “Era impossível resumir no palco o que o livro trazia, porque é um livro-reportagem, dentro de um universo extenso, muito aprofundado, com mais de 80 entrevistas”, observa. “O que fizemos foi tentar fazer um recorte teatral na ficção”.
No musical, o personagem real Pedro Sertanejo — baiano que se tornou dono de um famoso forró em São Paulo, dos anos 1960 aos 1980 — inspirou o fictício Clemente do Forró. “Pedro tem uma história muito própria e com um viés que poderia ser dramatizada sem precisar fazer desse personagem que a gente criou um personagem biográfico”.
Foi desenhada então uma dramaturgia em cima das músicas dos primeiros anos de Luiz Gonzaga. Músicas que tratam da saudade, da partida do sertão, do desejo de continuar em outro lugar mas pertencendo ao anterior. “A dramaturgia vai por esse caminho, sempre trazendo o bom humor e a comédia que faz parte da comédia nordestina”.
Equipe interestadual
Os ensaios do musical “O Fole Roncou — Uma História do Forró” foram realizados no Teatro Dulcina entre abril e maio. Mas a equipe de produção teve um pé em Recife. Trabalharam na ponte-aérea o diretor musical Dudu Alves (do Quinteto Violado, que criou os arranjos musicais), a coreógrafa Leila Nascimento, o figurinista Fabio Santana e o cenógrafo Cleuton Azevedo.
Maggio conta que foi desafiante essa divisão da produção em dois polos. “Mas eram nomes muito interessantes para dizer não nessa experiencia”. Ele destaca a capacidade de Leila de incorporar o contemporâneo ao tradicional nas danças populares e o fato de Fabio e Cleuton virem de trabalhos na cultura popular.
O resultado, depois de mostrado em Campina Grande — onde o espetáculo fica em cartaz até 4 de julho — provavelmente só será visto em Brasília em agosto, quando está previsto a realização do Maior São João do Cerrado, de 25 a 28, no Estádio Abadião, em Ceilândia.