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Trabalho coletivo mantém vivo o teatro brasiliense

Atualmente, mais de 20 grupos teatrais estão em atividade na cidade, envolvendo jovens talentos e veteranos reinventados. Destacamos dez representantes dessa cena

atualizado

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Bernardo Rebello/Divulgação
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Nem só de sessões aos fins de semana vive o teatro. Se as estrelas do eixo Rio-São Paulo batem aqui rapidinho e na segunda-feira já foram embora, as artes cênicas brasilienses se mantêm vivas no trabalho diário dos artistas da cidade.

Nos últimos anos, vem se consolidando uma nova geração que aposta em trabalhos autorais e na criação de estéticas próprias. Em comum entre seus integrantes, há a opção por trabalharem coletivamente e juntos gerenciarem suas carreiras. Um processo permanente de imersão e criação.

Veteranos reinventados convivem com jovens atores/criadores. Hugo Rodas (da Agrupação Teatral Amacaca), Fernando Villar (Chia, Liaa!) e Izabela Brochado (Trapusteros) são todos professores da Universidade de Brasília e nomes já frequentes da cena candanga. Democraticamente, dividem espaço com alunos e ex-alunos, agora à frente de grupos como Liquidificador, Novos Candangos e víÇeras, ocupando palcos (e ruas) da cidade.

Atualmente, encontram-se em atividade mais de 20 grupos que surgiram ao longo dos últimos dez anos. Eles desenvolvem carreira num cenário que já conta com nomes consolidados como Circo Teatro Udigrudi, Celeiro das Antas, Carroça de Mamulengos, Roupa de Ensaio, Os Melhores do Mundo, Coletivo Irmãos Guimarães, Grupo Cena, Teatro do Instante, Andaime, Desvio e Teatro do Concreto. Selecionamos dez representantes dessa nova cena para mostrar quais são os métodos e antecedentes de cada um.

Primeira pessoa do plural
É óbvio que até o mais solitário monólogo envolve uma equipe técnica atrás da cena. Mas nem sempre um conjunto de pessoas significa trabalho coletivo, criação coletiva. E aqui entra o elemento definidor do chamado teatro de grupo: a primeira pessoa do plural.

Como ilustração, vale comparar duas recentes peças do diretor Hugo Rodas, figura transgeracional do teatro brasileiro. Em março, ele levou ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a montagem “Os Fantasmas”, reencontrando três atores seus conhecidos de longa data: Murilo Grossi, Adriana Lodi e William Ferreira. Foi o caso de aproveitar uma oportunidade que se abriu.

Grossi fora convidado para apresentar um trabalho no centro cultural e já tinha nas mãos um texto inédito do paulista Otávio Martins. Com datas da temporada definidas de antemão, trabalharam em tiro curto, por um par de meses, contando com o entrosamento natural entre eles.


“Punaré & Baraúna” (assista acima ao teaser da peça), selecionada para o festival Cena Contemporânea deste ano, vem de outro tipo de labor. Trata-se da segunda e mais recente peça da Agrupação Teatral Amacaca (ATA), que congrega Hugo Rodas, aos 75 anos de idade, com atores que poderiam ser seus netos. Eis o fruto mais evidente de um trabalho diário que remonta a 2010 e desde então vem se desenrolando, sem necessariamente ter uma temporada de apresentações em vista.

“São dois processos inteiramente distintos”, reforça Hugo Rodas, comparando “Os Fantasmas” com a produção da ATA. “Num deles, trabalhei quase como um diretor contratado, para tocar uma peça específica. Enquanto o outro nasceu com a sofisticação de um método de interpretação.”

Desejo de continuidade
Poder desenvolver estilos particulares de linguagem teatral é uma das duas principais virtudes possibilitadas pelo convívio intenso em um grupo permanente de artistas. O segundo grande trunfo, que tem a ver com essa colaboração constante, é a chance de emendar projetos, um atrás do outro, e se manter sempre atuante.

“O que mantém um grupo unido não é apenas um projeto, mas sim o desafio de criar uma cultura, uma linguagem e uma ética próprias”

“A ideia de formar um coletivo parte do desejo de continuidade”, explica o diretor e dramaturgo Francis Wilker, que assumiu a curadoria da última edição do festival Cena Contemporânea na ausência do fundador Guilherme Reis, atual secretário de Cultura do DF.

Wilker, de 36 anos, foi o responsável por formar o Teatro do Concreto, um dos mais celebrados nomes de Brasília nas últimas duas décadas. Foram oito montagens em 12 anos de atividades. “O que mantém um grupo unido não é apenas um projeto, mas sim o desafio de criar uma cultura, uma linguagem e uma ética próprias.”

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