Mariana Xavier rompe estereótipos no palco: “A gente milita existindo”
A atriz estrela o monólogo Antes do Ano Que Vem, com sessões sábado (30/7) e domingo (31/7), em Brasília
atualizado
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Mariana Xavier se tornou uma das principais vozes contra a gordofobia no Brasil, não só para os quase 3 milhões de seguidores no Instagram mas também para os fãs que a acompanham no cinema, na TV e no teatro. Isso porque a carioca é criteriosa ao aceitar trabalhos onde as medidas das personagens não sejam o cerne da questão. É o caso do espetáculo Antes do Ano Que Vem, que desembarca em Brasília neste sábado (30/7) e domingo (31/7), no Teatro Royal Tulip, e no qual a atriz interpreta sete diferentes papéis.
Com a direção de Ana Paula Bouzas e Lázaro Ramos, a montagem trata dos momentos de alegria e angústia que antecedem a Virada do Ano. Cada personagem vivido por Mariana tem suas próprias perspectivas sobre esse instante que aponta para a renovação e recomeço, mas também pode gerar ansiedade em muitas pessoas.
“É um crossfit teatral. Eu falo que essa peça é a fusão da atriz com a comunicadora. Porque ela é uma oportunidade muito grande de eu mostrar as minhas qualidades, a minha versatilidade, e ainda está carregada de mensagens que eu quero deixar no mundo”, considera, em entrevista ao Metrópoles.
Com Antes do Ano Que Vem, Mariana Xavier também consegue quebrar a bolha que há anos limita atrizes e reforça estereótipos de mulheres gordas.
“Estar no palco sozinha, durante mais de uma hora, num pique danado, sem sair de cena e trocando de um personagem para o outro… isso também é um ativismo. Um monte de gente acha que uma pessoa gorda não pode ser saudável, não pode ser ativa e o público me vê subindo e descendo de cadeira, correndo… a gente não milita só falando, a gente milita existindo, ocupando os lugares, mostrando que a gente tem capacidade para fazer as coisas”
Mariana Xavier
Um dos motivos de sucesso da montagem, que estreou em São Paulo e já passou por capitais como Manaus (AM), Maceió (AL) e Vitória (ES), é a identificação que causa nas plateias mais diversas. “A nossa peça tem o humor da realidade e não o do estereótipo, que coloca o pobre num lugar de ser chacota, de falar errado. Como as personagens são muito distintas, as pessoas se enxergam um pouco em cada um”.
Gordofobia no audivisual
Segundo a atriz, durante muitos anos as mulheres gordas foram retratadas no audiovisual como as rejeitadas pelos galãs, como as melhores amigas assexuadas das protagonistas ou num lugar de chacota. Depois, as produções foram para um outro extremo, o da hiperssexualização. “Como se a gente precisasse compensar em performance sexual o nosso corpo”, analisa. Para Mariana, aos poucos os autores e diretores estão buscando um equilíbrio para não reforçar preconceitos e estereótipos.
“Melhorou muito, mas ainda temos um longo caminho pela frente. O que eu digo sobre mim é que gorda é uma característica que me descreve, mas não me define. Eu sou muito outras coisas e já estou há alguns anos lutando para furar essa bolha e ser vista como uma atriz a despeito do meu corpo. Eu não preciso fazer um personagem onde no roteiro esteja grifado que ela é gorda”, defende.
Prova da evolução, é a Sarah, papel de Mariana em Medida Provisória. “Eu faço a namorada do Seu Jorge e essa personagem poderia ser feita por qualquer atriz, porque não existe nenhuma menção ao corpo dela. Poderia ser qualquer uma, mas o Lázaro [Ramos] me escolheu. Nós estamos saindo dessa coisa rasa de que a gorda tem que ser engraçada o tempo inteiro. O sonho da minha vida é fazer uma vilã. Porque as pessoas acham que gente gorda não pode ser maldosa, mas tem gorda ruim também (risos)”, conclui.
Antes do Ano Que Vem
Neste sábado (30/7), às 21h, e domingo (31/7), às 19h, no Teatro Royal Tulip (Setor de Hotéis e Turismo Norte). Ingressos: R$ 100. Doadores de 1 kg de alimento não perecível pagam R$ 60. À venda on-line. Não recomendado para menores de 12 anos.