Espetáculo on-line e gratuito reúne Denise Fraga, Ângela Vieira e mais
Obra de Neil LaBute conta com 10 atores em 10 monólogos de 10 minutos cada, retratando a complexidade da natureza humana
atualizado
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Um elenco poderoso de atores brasileiros interpretando diretamente para a câmera, em tempo real, sem cortes ou edições, em uma mistura de cinema e teatro. Assim é Dez por Dez, uma coleção de monólogos originais escritos pelo roteirista, cineasta e dramaturgo Neil LaBute (Na Companhia de Homens, Enfermeira Betty e Morte no Funeral), adaptada pelos irmãos Guilherme e Gustavo Leme, que estreia com acesso gratuito nesta quinta-feira (20/5) no site do Teatro Unimed.
Na série de monólogos, Ângela Vieira, Leopoldo Pacheco, Denise Fraga, Eucir de Souza, Pathy Dejesus, Bruno Mazzeo, Chandelly Braz, Ícaro Silva, Luisa Arraes e Johnny Massaro contam dez histórias, de dez minutos cada, sobre seus personagens, homens e mulheres nas faixas dos 20, 30, 40, 50 e 60 anos de idade, que vivem dramas fortes, instigantes e bastante atuais — embora a série original de LaBute seja anterior à pandemia de Covid-19.
Denise Fraga, por exemplo, vive uma mulher que passou por uma sequência de eventos trágicos e revela, explicitamente, ter ideações suicidas. No final, ela provoca o espectador, pedindo sua ajuda para fazê-la desistir desse desejo.
“É uma personagem que retrata muito o quanto as pessoas estão perdidas. Ela fala uma hora até ‘eu sou uma das milhares de pessoas que vasculham todos os dias a internet os jornais, em busca de algum sinal, alguma mensagem, um código escondido que algum lugar, que nos faça querer seguir adiante. Então eu me sinto fazendo uma personagem de uma atulidade muito grande nessa época e foi um processo muito bonito, apesar de curto”, contou Denise, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (18/5), ao lado de seus colegas de elenco.
Interpretando um personagem que se revela homofóbico ao longo do monólogo, Eucir de Souza afirmou também ter se envolvido com o papel. “Eu consegui ver nele uma possibilidade dentro da minha vida. Se eu tivesse pegado um caminho um pouco mais torto, eu teria chegado onde esse cara chegou”, comentou o ator de Gênesis.
Johnny Massaro mencionou um fato engraçado sobre seu processo de identificação com o papel, que é de um garoto profundamente incomodado com a iminência da calvície. “Particularmente me sinto muitas vezes navegando nessa insegurança das aparências”, disse. “Engraçado que eu, de fato, comecei a usar remédio pro cabelo. Até falei com o Gui quando ele me mandou o texto: ‘Guilherme, que loucura, eu estou passando exatamente por isso”, completou, bem-humorado.
Emoção do retorno, mas com adaptação ao novo
LaBute escreveu Dez por Dez como conteúdo exclusivo para o Audience Channel (DirecTV). Na adaptação dos irmãos Leme, a estética original foi totalmente mantida, com planos sequência com câmera parada e fotografia minimalista em preto e branco, agregando uma estética cinematográfico ao projeto cênico.
“É um texto totalmente cênico, um monólogo, e o mesmo tempo muito cinematográfico. Então é uma mistura, né? e eu acho que não tem porque a gente perder essa junção. Faz muito bem pro cinema ter mais teatro dentro dele, assim. E pra gente é um bálsamo estar nesse projeto. Cada dia de ensaio é uma alegria, num deserto que a gente está vivendo”, opinou Luísa Arraes.
Leopoldo Pacheco, de 60 anos, falou sobre a emoção de retornar ao teatro, após meses sem atuar, por causa da crise sanitária. “Quando acabou a gravação fui conversar com um amigo que tava ali e eu desmontei, literalmente, eu comecei a chorar que nem um idiota, porque eu me senti tanto em estar ali, em estar fazendo algo que eu precisava estar fazendo. Que prazer imenso, como eu me senti potente, seguro amparado por todo esse elenco, produção, texto”, disse.
Encarando, também, seu primeiro trabalho após o início da pandemia, Ângela Vieira, classificou o trabalho ao movimento de resistência. “Fiquei muito emocionada quando eu vi as pessoas que estão envolvidas no seu trabalho, defendendo seus personagens. Dá pra você ver em casa o prazer o afeto e o amor de estar atuando. Nós passamos um período em que fomos muito atacados, mas nós somos tão unidos, temos tanto respeito pela nossa profissão que não perdemos o prazer de trabalhar. É o que eu vejo em cena, o que eu senti fazendo”, afirmou a atriz de 60 anos, na coletiva.
Dez por Dez será exibido entre os dias 20 de maio e 17 de junho, sempre às quintas-feiras, às 21h. A cada semana serão transmitidos dois novos monólogos.
Confira a programação e as sinopses: