Dramaturgo João das Neves morre aos 84 anos
Nome histórico do teatro brasileiro foi da resistência à ditadura militar e também trabalhou com os músicos Baden Powell e Chico Buarque
atualizado
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Morreu nesta sexta-feira (24/8) o dramaturgo João das Neves. Ele tinha câncer e faleceu em casa na Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte. O carioca deixou seu nome marcado na história do teatro brasileiro com trabalhos de autor, iluminador, diretor e ator.
Nascido no Rio de Janeiro em 1934, Neves teve contato com teatro no início na adolescência e em 1950 se formou ator e diretor pela Fundação Brasileira de Teatro. Seu primeiro grupo chamava-se Os Duendes, quando também dirigia o Teatro Arthur Azevedo, no bairro do Campo Grande. A companhia não teve grande atuação, pois o governo Carlos Lacerda expulsou o diretor do teatro sob acusação de comunismo e propaganda subversiva.
Nesse intervalo, fundou o Centro Popular de Cultura (CPC), onde era responsável pelo Teatro de Rua. Após o golpe militar de 1964, o CPC é posto na ilegalidade e os integrantes se reorganizaram para a criação do emblemático Grupo Opinião, um dos primeiros coletivos de teatro engajado no Rio.
Neves não esteve ligado apenas ao teatro, trabalhou também com a cantora Titane na direção do show Inseto Raro (1993). E dirigiu shows de Baden Powell, João do Vale, Chico Buarque, Milton Nascimento e Geraldo Vandré.
Em 2012 encenou a versão de Zumbi, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, com 10 atores negros em cena. A peça remete ao clássico Arena Conta Zumbi, dos anos 1960, apresentado no Teatro de Arena. Em 2015, nas comemorações de 80 anos, o ator e diretor ganhou uma exposição, Ocupação João das Neves, no Itaú Cultural. Radicado em Minas Gerais, ele encenou Zumbi, Madame Satã, sobre a personagem ícone da Lapa carioca.