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“Axé Nzinga” resgata história fascinante de mitológica rainha africana

Encenado pelo ator potiguar Jonas Sales, monólogo recupera personagem que combateu a escravidão, o preconceito e o racismo em pleno século 17

atualizado

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Irene Egler/Divulgação
Axé Nzinga
1 de 1 Axé Nzinga - Foto: Irene Egler/Divulgação

Ana de Sousa nasceu por volta de 1582 no Reino da Matamba, estado pré-colonial africano, localizado onde hoje fica a província de Malanje, em Angola. Cheia de revezes, batalhas e disputas pelo poder, a história de Ana (também conhecida como Rainha Nzinga) é digna de uma tragédia de William Shakespeare, mas é levada ao palco pelo artista potiguar Jonas Sales.

Reprodução
A rainha Nzinga, em gravura do século 18

Ele concebeu e atua em “Axé Nzinga”, espetáculo que traz a Brasília para cinco apresentações. Três delas, a partir desta sexta (14/10) até domingo (16/10), no Espaço Pé Direito (Vila Telebrasília). As outras duas, no Centro Cultural Brasília (601 Norte), nos próximos dias 26 e 27/10.

Ana de Sousa cresceu num período em que os portugueses fortaleciam sua presença na África, como colonizadores, e o tráfico de escravos se intensificava. Chamava-se na verdade Ngola Ana Nzinga Mbande. Adotou o nome português Ana de Sousa como estratégia na inglória luta por um acordo com o colonizador.

Quero mostrar a alma desta rainha guerreira. Refletir sobre o feminino com um homem interpretando. A ideia é combater todo o preconceito, assim como ela combatia e também discutia a questão do gênero

Jonas Sales

Após uma sucessão de acontecimentos, assumiu a função de rainha de seu povo, liderando pessoalmente as tropas em batalhas. Na verdade, confrontos violentos, que resultaram em muitas mortes e no aprisionamento, pelos portugueses, de duas irmãs da rainha, Cambe e Funge.

Nzinga, que sempre combateu a diferença de gêneros, preferia que seus soldados se dirigissem a ela como “rei”, em vez de “rainha”. Esse detalhe deixa Jonas à vontade para encarnar ele mesmo a revolucionária personagem no monólogo escrito por ele.

Um mito da história não oficial
“Nzinga é um mito presente na cultura popular. A rainha sempre me perseguiu em discussões e pesquisas. Os negros escravizados acreditavam que ela chegaria ao Brasil para libertá-los. Ela é um mito, uma guerreira. Por isto, resolvi trazer e apresentar um pouco da sua história no Brasil, em sua capital”, relata o diretor Jonas Sales.

Apoiado em trilha sonora original (composta por Diogo Cerrado), bailados inspirados nas danças afro-brasileiras e textos poéticos, Jonas traz à cena uma personagem que viveu até 1663, mas não perdeu em atualidade. Afinal, Nzinga ficou conhecida por sua resistência, combate à escravidão, ao preconceito e ao racismo em pleno século 17.

Axé Nzinga
Dias 14/10 (sexta) e 15/10 (sábado), às 21h, e 16/10 (domingo), às 20h. No Espaço Pé Direito (Vila Telebrasília, L4 Sul). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.

Dias 26/10 (quarta) e 27/10 (quinta), às 20h. No Centro Cultural de Brasília (601 Norte). Ingressos a R$ 20 (Inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.

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