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Para não ficarem parados, artistas criam peças on-line e levam teatro à web

Lives de princesas, webséries atuais e performances virtuais: espetáculos variados tomaram conta da internet e estão animando a quarentena

atualizado

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Denise Fraga
1 de 1 Denise Fraga - Foto: Divulgação

Considerada a arte que privilegia o diálogo, o teatro tem a plateia como parte fundamental do espetáculo. Com as medidas de isolamento social e o fechamento de todos os espaços de encenação — medidas necessárias para combater o novo coronavírus—, atores e atrizes precisaram se reinventar e encontrar maneiras alternativas de se apresentar. Agora, além de música, a febre das lives ganhou um reforço: espetáculos teatrais para todos os gostos.

Em turnê com o premiado monólogo Eu de Você, desde setembro de 2019, Denise Fraga sentiu o choque de ter toda a agenda cancelada devido à pandemia. “Eu fiquei muito triste no início, sabe quando você está num momento pleno? Quando eu vim para a minha casa, achei que seria apenas um mês. Mas depois de todo esse tempo, vimos que a coisa não é bem assim, que talvez tenhamos um novo modelo de viver”, lembra a atriz.

Denise e o marido Luiz Villaça, que também é diretor da peça, resolveram adaptar a linguagem do Eu de Você para internet. “Tinha essa necessidade de fazer algo, de exercer o nosso ofício mesmo de casa”, salienta. Assim surgiu Horas em Casa, uma websérie onde a atriz compartilha vivências reais, histórias e sentimentos de quarentena.

Entre os assuntos retratados no primeiro episódio, intitulado Fronteiras, divulgado no último sábado (06/06), no canal oficial do YouTube do espetáculo, estão as relações de mãe e filho e de casais, durante a quarentena. Além de temas atuais, como a morte do menino João Pedro, de 14 anos, vítima de violência policial no Rio de Janeiro. “É primordial falar da exclusão social, dessa desigualdade. Não tem como falar de cotiano sem que apareça a injustiça, ela está aí”, explica Denise Fraga.

Espetáculos infantis

Conhecidos do público infantil, a Cia. Néia e Nando também teve de se adaptar aos novos tempos. Somente nos dois primeiros meses deste ano, a companhia já havia fechado contrato com cinco shoppings da cidade, além de apresentações no Fim Festival e no Na Praia. Com a pandemia, porém, todos os eventos e contratos caíram. A ideia de fazer lives veio através de duas atrizes da Cia., Luana Rodrigues e Luísa Miranda. “Nós vimos nesse modelo uma oportunidade de se fazer presente na vida do nosso público”, contou Nando.

Semanalmente, de quarta a domingo, sempre às 17h, o grupo promove esquetes ao vivo por meio da conta oficial do grupo no Instagram. Nas lives, há entrevistas com os personagens mais queridos dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, Ariel e outros.

De acordo com o artista, as transmissões ao vivo aumentaram o engajamento do grupo nas redes sociais. “Ganhamos mais de 15 mil seguidores”, ressalta o diretor da Néia e Nando, que conquistou novo público por meio das apresentações virtuais de princesas, heróis e vilões.  “As lives, depois que tudo isso passar, farão parte do nosso leque de opções de serviços, pois as crianças ficam encantadas em ter uma conversa exclusiva com seu personagem preferido”, acredita.

Mesmo com as apresentações virtuais, o grupo tem tido dificuldades financeiras e precisaram reduzir todos os gastos. “As lives não suprem nossas necessidades, mas nos mantêm presente na vida das pessoas, isso que é o mais gratificante”, completa.

Stand-up

Integrante da Cia. Setebelos, Lucas Moll também viu vários projetos serem interrompidos graças a Covid-19. Um dos espetáculos cancelados foi o stand-up Comic Comedy. “Eu já tinha alguns projetos de lives engatilhados e tirei da gaveta. Já estava em negociação com algumas plataformas e achei que seria o momento de treinar”, afirmou.

E deu certo, atualmente o comediante apresenta duas lives semanais, na segunda, focada para o público nerd, e outra na sexta, o Comedyflix Talkshow, onde Lucas entrevista comediantes como Fabiano Cambota, Patrick Maia e Rodrigo Marques, entre outros. Sempre, com transmissão realizada por meio de sua página oficial no Instagram.

“O primeiro desafio de fazer as lives é financeiro, pois não temos entrada de dinheiro nesses projetos. O outro é a falta de feedback na hora, o fato de não ter a resposta imediata do público faz com que a dinâmica da piada mude”, salienta.

Lucas afirma que a audiência atual das lives não é a mesma de quando o formato ainda tinha ares de novidade. “Como qualquer coisa, a gente tende a decantar esse público. Ele vai diminuindo o volume, mas vai ganhando engajamento. As pessoas interagem durante a live, mandam perguntas… e isso tem sido recompensador, eu conquistei um público que não tinha antes”, considera.

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