Sucesso na web, Fernando Pedrosa aproxima público LGBTQIA+ do stand-up
Humorista cria um espaço saudável para a comunidade LGBTQIA+ compartilhar histórias
atualizado
Compartilhar notícia
Sucesso nos palcos e nas redes sociais, Fernando Pedrosa se orgulha de ter sido o primeiro contato de muitas pessoas LGBTQIA+ com o stand-up comedy. Nascido em São Paulo, o humorista de 37 anos performa nos principais clubes de comédia do Brasil e também é um dos criadores do Não Sou Obrigadx, primeiro grupo de comédia stand-up formado apenas por humoristas da comunidade.
“Eu consegui trazer essa galera que tinha um certo bode de stand-up. O público estava carente de um conteúdo que fale com na linguagem dele, de maneira que não se sinta atacado e ofendido”, afirma Pedrosa em entrevista ao Metrópoles.
Há cerca de um ano, a carreira do comediante escalonou com o espetáculo Fernando Pedrosa Xaveca a Plateia e Bebe Vinho, que vem a Brasília em agosto. Com apresentações esgotadas em todo o país, o humorista contou que precisou batalhar para alcançar este espaço na comédia.
“É muito louco porque eu sinto que foram dois movimentos. Primeiro foi furar a bolha LGBTQIA+ pra eles aceitarem o stand-up, porque o stand-up era conhecido como um show de comédia, que às vezes era meio homofóbico e batia em alguns preconceitos antigos”, explica Pedrosa.
“O stand-up em si não é homofóbico e preconceituoso. Stand-up é uma linguagem. Falar que não gosta de stand-up é igual falar que não gosta de filme ou música. Você pode não gostar de certo comediante ou de como a comédia estava há uns tempos atrás”.
Os espetáculos do artista são focados na interação com a plateia, composta majoritariamente por pessoas que pertencem a alguma letra da sigla e topam compartilhar histórias e vivências da comunidade. “Hoje, a gente pode falar o que a gente quiser e se divertir, dar risada até dos nossos problemas, estereótipos e clichês, e se divertir um pouco”, salienta o comediante.
Ver essa foto no Instagram
Com mais de 350 mil seguidores no Instagram, Fernando tem conquistado também a audiência do público héteronormativo. “Todo mundo é sempre bem-vindo no meu show. O meu show é pra todo mundo se divertir”.
“Limite do humor é a lei”
Como o nome do espetáculo sugere, o comediante interage com o público durante Fernando Pedrosa Xaveca a Plateia e Bebe Vinho. Todo o show é um espaço seguro para a comunidade LGBTQIA+.
“Eu não tenho nenhuma intenção de machucar ou ofender alguém com meu humor. Se se sentirem [ofendidos], vai ser por besteira – porque eu critiquei a roupa de alguém”, exemplifica.
Questionado sobre como o humor virou plataforma para falas preconceituosas, por parte de vários colegas de profissão, Fernando é direto: “O limite do humor é a lei”.
“Eu acho que as pessoas confundem muito liberdade de expressão com discurso de ódio. E não é uma coisa que eu quero fazer, até porque eu, como LGBT, já estive muito do lado errado da piada e do lado de que é atacado. Então, eu não tenho nenhuma intenção em com meu humor em machucar ou ofender alguém”.
O comediante ainda critica humoristas que tendem a cruzar algum limite para ser “transgressor”. “Eu acho tudo datado, velho. Isso é uma coisa que está lá atrás e quem não entendeu ainda vai ficar pra trás. Não tem mais espaço pra isso na comédia, pelo menos não no meu palco”.
Novidades
As apresentações de Fernando são uma conversa com o público, em que a plateia conta histórias. “Todo mundo tá a fim de contar algumas histórias que ainda não foram contadas, ou pelo menos não foram contadas dentro desse ambiente que é o stand-up”, disse.
“Eu vejo que a conversa sai sempre alguma coisa legal, não necessariamente tudo. É incrível como sempre sai coisa bacana e o resto eu tenho que me virar para transformar aquilo em engraçado”, completou.
O show de Pedrosa em Brasília, no dia 25 de agosto, terá uma novidade: um quadro especial, que será incluído no espetáculo tradicional do artista. Este momento fará parte de um projeto que o humorista está desenvolvendo para o YouTube.
“Vai ser um programa de auditório com os temas da comunidade LGBT. Vai ser aquele estilo de programa dos anos 90, que tinha às vezes no Domingão, ou no programa do Chacrinha. Nesse quadro vai ter competição e vai ser um grande besteirol. Eu estou muito animado”, revelou.
