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Streaming incorpora canais tradicionais e aumenta crise da TV fechada

Especialistas do setor vêem movimentação do Globoplay e do Prime Vídeo como duro golpe nas TVs por assinatura

atualizado

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Disney+ Streaming
1 de 1 Disney+ Streaming - Foto: Unsplash

Batendo recordes de audiência nos últimos meses, o streaming pode ter assumido um novo patamar na briga com as TVs por assinatura. Nesta semana, tanto a Globo quanto a Amazon anunciaram novidades em suas plataformas, que podem se tornar tendência e um novo meio de consumo de canais fechados.

A partir deste mês, o Globoplay passa a disponibilizar aos assinantes a opção de incluir os canais do grupo Globosat (SporTV, Megapix, Multishow, Universal, entre outros) ao serviço. Com três opções de pacotes, a plataforma se adianta aos concorrentes e adiciona canais ao vivo ao seu serviço de streaming. A mais completa sai por R$ 42,90 e engloba todos os canais e o Globoplay.

Anteriormente exclusivo nos Estados Unidos, a Amazon Prime Video trouxe ao Brasil uma alternativa à TV paga: o Amazon Channels. Por meio do aplicativo, o assinante poderá ter acesso a outras canais como Starzplay, Paramount+, MGM, Noggin e Looke, pagando uma quantia somada a mensalidade de R$ 9,90.

Ambos os movimentos ressaltam uma nova estratégia do mercado de streamings, que tenta se firmar à frente da TV paga em audiência e número de usuários. De acordo com dados da Kantar Ibope, no último mês de maio, a soma dos serviços sob demanda superou a TV por assinatura na disputa pela audiência pela primeira vez na história do mercado brasileiro.

“A TV por assinatura tem vivido uma morte lenta, irreversível e várias vezes anunciada”, avalia Gilson Schwartz, professor livre-docente em economia do audiovisual do Departamento de Cinema, Rede e TV da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da rede Games for Change na América Latina. “Ao menos nos Estados Unidos, [tem] o cord cutter, um sujeito de renda mais baixa que procura resolver suas necessidades sem ficar preso em pacotes caros e cheios de coisas inassistíveis”, complementa.

Os números indicam que, no atual momento, o streaming está ganhando a disputa, atraindo mais usuários e oferecendo produtos de maior repercussão na mídia e nas redes sociais – como mostra a recente lista de indicados ao Emmy 2020.

Tânia Montoro, professora de comunicação social da Universidade de Brasília (UnB), vê com naturalidade o sucesso do streaming. Na avaliação da pesquisadora, a qualidade da programação está no centro da questão.

“A tendência é que os serviços de streaming passem ou ocupem o lugar das TVs pagas. Alguns canais por assinatura chegam a repetir o mesmo filme 14 vezes em um único fim de semana. Ou seja, a qualidade é muito questionável”, analisa Montoro.

O streaming no Brasil

Com a popularização das plataformas de streaming no Brasil – lembrando que um dos maiores players do mercado, o Disney+, desembarcará no país somente em novembro de 2020 –, consultorias têm analisado os mais populares entre o público nacional.

De acordo com dados da Just Watch, em 2020, a distribuição da preferência brasileira por canais de streaming é a seguinte: a Netflix segue na liderança com 31% dos consumidores, seguido de perto pela Amazon Prime Video, com 24%. HBO Go e Telecine Play dividem a terceira colocação, com 9%. A Globoplay tem 7%, e apresentou um dos crescimentos mais acentuados nos últimos 12 meses.

Arte com dados do streaming no Brasil

Crise das fechadas

O mercado de TV por assinatura tem enfrentado quedas de procura. Desde 2014, o número de assinaturas tem diminuído progressivamente, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A série histórica começou em janeiro de 2012.

Os números coletados juntos à Anatel indicam que, em novembro de 2014, as assinaturas tiveram seu pico, atingindo 19.842.737 acessos. Em abril de 2020, no entanto, o relatório traz o dado de 15.323.317 – em números brutos, são 4.519.420 assinatura a menos, representando queda de 22,7%.

Gilson Schwartz acredita que, para voltar ao jogo, as fechadas necessitam fazer alterações nos custos e no modelo de distribuição. “Seria necessário que um segmento velho tivesse a adrenalina e o timing para reinventar seus modelos de negócio e arriscar perder investimentos em nome de não ser engolido pela próxima onda tecnológica audiovisual”, conclui.

A Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), procurada pela reportagem do Metrópoles, disse que não comentaria a questão da adesão de canais da TV fechada ao streaming.

“Essa questão envolve as relações entre operadores e programadores e, como a associação representa ambos, não pode se pronunciar”, informou por comunicado.

 

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