Quadrinistas brasileiros de sucesso destacam papel da internet na arte
Will Leite e Carlos Ruas falaram, em entrevista ao Metrópoles, sobre a importância da web na divulgalção de novos artistas
atualizado
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Um dos espaços mais procurados durante as convenções, incluindo a CCXP, é aquele que reúne desenhistas e quadrinistas. É, geralmente de lá, que surgem histórias e gibis que podem virar franquias nos mais diversos serviços de streaming. E, graças a internet, mais talentos têm surgido constantemente.
Carlos Ruas, criador dos personagens da série Um Sábado Qualquer, e Will Leite, autor das tiras da rabugenta Dona Anésia, são dois exemplos de sucesso on-line. “Estamos aqui pela internet, se hoje existe um espaço só para quadrinistas na CCXP, é por conta da web. Tem uma turma nova que surgiu nas redes sociais”, comenta Ruas.
Will Leite, que tem projetos bem sucedidos de financiamento coletivo, vibrou também com o sucesso off-line. “Esperava essa ansiedade por ser o primeiro grande encontro presencial depois da pandemia. Mas mesmo assim, acabei me surpreendendo”, conta.
O sucesso dos quadrinistas nas redes sociais está, de fato, crescendo entre os “novinhos”. Pesquisa realizada pela Faber-Castell mostra que 37% dos jovens da geração Z se inspiram em artistas, como os desenhistas – juntos de música e audiovisual.
Os dois, ao lado de Ilustralu, decoraram o estande da Faber-Castell durante a CCXP22.
“Os dados do Mapa da Criatividade mostram que estamos no caminho certo para levar cada vez mais inspiração e estímulo para a criatividade ao público jovem: no nosso estande na CCXP, convidamos três artistas que são referência no universo das HQs para criarem os cenários do nosso espaço, possibilitando uma interação única do criador com sua comunidade”, destaca a diretora de Marketing de Faber-Castell, Flávia Giordano
Intolerância
Durante a CCXP22, o quadrinista Mário César relatou ter sido vítima de homofobia, após receber ataques de uma mulher que se incomodou com a capa da revista Bendita Cura.
Bendita Cura é um livro ilustrado, em três volumes, que narra a trajetória de um personagem que, ao se assumir gay, é vítima de uma tentativa de “cura” para sua sexualidade. Vale lembrar que prática não tem embasamento científico, pois homossexualidade não é uma doença — como determina a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Eu estava aqui no meu estande e ela veio até mim e disse que se sentia ofendida pela capa do quadrinho [que mostra um homem crucificado no símbolo do masculino]. Falou que eu estava esvaziando a crucificação e que estava cometendo cristofobia”, contou Mário, em entrevista ao Metrópoles.
O quadrinista fez questão de pontuar que foi um evento isolado e que a maior parte do público da CCXP abraça a diversidade. Os três volumes de Bendita Cura podem ser comprados on-line.