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90 anos de Tintim: jornalista-detetive ganha três novas edições

Os livros chegam às prateleiras em comemoração às nove décadas do personagem de Hergé

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Icônico desenho de Tintim e seu fiel parceiro Milu
1 de 1 Icônico desenho de Tintim e seu fiel parceiro Milu - Foto: Reprodução

Um dos ícones do jornalismo e sensação das HQs completa, neste mês, 90 anos. Trata-se do intrépido jovem de topete loiro Tintim, que, acompanhado do inseparável amigo Milu, um terrier branco para lá de esperto, viaja pelos quatro cantos do mundo em busca de grandes furos jornalísticos, mas se metendo em aventuras de mistério, espionagem e fantasia.

Para celebrar a data, a Globo Livros colocou na praça três títulos do querido repórter belga.

São eles: O Lótus Azul (1936), A Orelha Lascada (1937) e A Ilha Negra (1938). Traduzidas para 110 idiomas e com mais de 200 milhões de livros vendidos em todo planeta, as histórias de Tintim e seu adorável amigo de estimação marcaram a infância de toda uma geração.

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No Brasil, o sucesso do personagem, assim como o de outro nonagenário, o marinheiro Popeye, se deu com as adaptações das histórias em desenhos animados. Junto com as criações de Clark Kent e Peter Parker – identidades secretas, respectivamente, do Super-Homem e Homem-Aranha –, Tintim engrossa a estirpe de jornalistas justiceiros que, movidos por forte espírito aventureiro e senso de justiça, lutam incansavelmente contra o crime.

Racista e nazista
Criação do belga Georges Remi (1907–1983), mais conhecido como Hergé – nada mais do que a pronúncia de trás para frente de suas iniciais –, os traços do personagem, dizem especialistas, teriam influenciado a pop art. Roy Lichtenstein e Andy Warhol que o digam… Hergé teria se inspirado num irmão chamado por seus subordinados de Tintim e pelas viagens em volta do mundo, em 1928, na linha Júlio Verne, do ator dinamarquês Palle Huld.

As primeiras histórias foram publicadas semanalmente, em janeiro de 1929, num suplemento infantil de um jornal católico. Para desenvolver os enredos, o autor, então um rapazote de 20 e poucos anos, se fez valer de sua paixão pelas civilizações antigas e cultura de outros países. Premissa, diga-se de passagem, que também norteou as tramas do nosso Monteiro Lobato.

A série em livros intitulada As Aventuras de Tintim surgiu a partir de 1930 e contaria com 23 títulos lançados até a morte do autor, em 1983. Uma derradeira trama seria publicada postumamente em 1986. A primeira dessas aventuras, talvez a mais clássica delas, passaria-se na antiga União Soviética, para onde o herói fora designado como correspondente internacional durante o governo bolchevique de Josef Stalin.

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Hergé desenhando Tintim

 

O objetivo da viagem cheia de ação e perseguição, evidentemente, embalada em emocionante trama para a garotada, era tentar expor os segredos do fechado regime, numa clara propaganda anticomunista. Dos três títulos lançados pela Globo Livros, o mais empolgante é O Lótus Azul, criado por Hergé nos tempos de faculdade em Bruxelas, quando conheceu um artista chinês, Zhang Chongren, que o ajudou a mergulhar nas curiosidades e belezas da China.

Na trama, tida por muitos como sua obra-prima, Tintim e o fiel parceiro Milu partem para o país oriental com o intuito de investigar os meandros por trás de um bando de contrabandistas de ópio. No enredo, o leitor tem a chance de se familiarizar com os bastidores da guerra entre a China continental e o Japão insular.

Em A Ilha Negra, a dupla de heróis dá um pulo até a Inglaterra para investigar as artimanhas de uma gangue de falsificadores de dinheiro e os segredos por trás da misteriosa ilha do título. Já em A Orelha Lascada, os dois aventureiros descambam para a América do Sul em busca de um furo jornalístico em torno do sumiço de uma estátua sagrada indígena. Nas entrelinhas, o jogo de poder entre militares e bandidos num país em plena revolução.

Embora acusado de racista e preconceituoso, por conta da polêmica trama passada no Congo belga, em 1931, onde aborda os nativos como grosseiros e horrendos, e certa conivência forçada, ao publicar suas histórias em jornais ligados ao regime nazista de Hitler, Hergé é um ícone mundial dos quadrinhos. Tanto que mereceu o respeito dos cineastas Steven Spielberg e Peter Jackson, em adaptação cinematográfica no ano de 2011.

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