Produtores do DF comemoram retomada de eventos, mas pregam cautela

O decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), nessa terça-feira (21/9), libera, após longa interrupção, a realização de eventos e festivais no Distrito Federal. Esse é o maior movimento de reabertura do mercado de entretenimento, que sofreu bastante com os impactos causados pela pandemia de Covid-19. Mesmo que ainda sejem necessárias medidas de contenção e limitação do público, as principais produtoras de evento de Brasília receberam a notícia com alegria, porém, afirmam que o momento ainda inspira cautela.

Bruno Sartório, sócio da R2.com.vc, afirmou que a retomada de eventos será feita com muita “euforia”, mas garantiu que será necessário tomar diversas precauções pensando na proteção do público e dos trabalhadores – considerando que a pandemia ainda não chegou ao fim.

Vale lembrar que, entre o início da vacinação de Covid-19, em 19 de janeiro, e a última segunda-feira (20/9), 82,77% do público vacinável e 69,91% da população do DF receberam ao menos a 1ª dose. E 42,77% do público-alvo da campanha de imunização e 36,13% dos habitantes da capital do país tomaram a 2ª dose ou a dose única.

“Acreditamos que com essa liberação, o mercado vai voltar de forma gradativa em alguns segmentos, principalmente os grandes shows. Já temos muitas coisas já marcadas previstas. Na verdade, vai ser um momento de euforia, porém tem que se tomar muito cuidado com o planejamento desses eventos”, ponderou Sartório, em entrevista ao Metrópoles.

De acordo com o texto assinado pelo governador, ao qual a coluna Grande Angular, do Metrópoles, teve acesso, o distanciamento mínimo deve ser de um metro nesses eventos. Além disso, a presença do público é restrita para pessoas vacinadas contra a Covid-19, após 15 dias do recebimento da 2ª dose ou dose única, mediante comprovante.

Ainda segundo o texto, que passa a valer a partir da publicação do decreto, prevista para esta quarta-feira (22/9), também poderão participar os cidadãos que apresentarem resultado de exame PCR negativo, com coleta de material genético realizada no máximo 72 horas antes do evento. Por fim, a ocupação é limitada a 50% da capacidade de público do local.

“Abre aquela portinha de esperança com a retomada, né? Mas é o momento da gente sentar, planejar e projetar como serão nossos eventos daqui para frente atendendo todas as exigências para retomada. Já sabemos que será necessário a comprovação das duas doses de vacina, assim como, distanciamento de 1 metro e exame de PCR. Ainda assim, estamos bastante otimistas. Agora temos que estudar todas e quaisquer possibilidades com essa retomada, no intuito de garantir toda segurança necessária ao nosso público em proteção a Covid-19. Vamos trabalhar no limite de metro quadrado, atendimento humanizado e tecnológico diminuindo o contato físico e colhendo todos os documentos comprobatórios exigidos”, afirmou Vinicius Gentil, produtor de eventos do grupo Funn.

Ibaneis também definiu que a coleta de documentos para comprovação de vacinação, assim como teste PCR negativo, devem ficar por conta da produtora do evento.

João Maione, da Oh! Artes Produções, afirmou que “o decreto está longe do ideal e distante do que já vem acontecendo no ramo do entretenimento ao vivo pelo mundo”, mas ponderou que a norma é um passo importante para a normalidades dos eventos.

“O decreto, ainda que atrasado em comparação a outros estados do Brasil, é um passo importante rumo à normalidade dos eventos. Normalidade essa que, de fato, só se dará por completo em meados de 2023.
Mais de 600 mil empresas e 2 milhões de empreendedores individuais dependem desse setor, que foi o mais castigado nessa pandemia, somente entre março e setembro de 2020 o setor registrou prejuízo de R$ 270 bilhões”, inicia.

“O decreto ainda está longe do ideal e distante do que já vem acontecendo no ramo do entretenimento ao vivo pelo mundo, que já existem festivais sendo realizados com centenas de milhares de pessoas. Entretanto sabemos das adversidades e questões que nosso país passou no combate à pandemia. Confiamos no trabalho das autoridades locais e seguimos torcendo para mais medidas de flexibilização”, finaliza Maione.

Cautela

Apesar da sensação de comemoração pela retomada dos eventos, considerando os impactos que o setor de entretenimento teve no período da Covid-19, os cuidados que deverão ser tomados, de acordo com o decreto assinado pelo mandatário da capital federal, exigirão cautela dos produtores. Pedro Batista, sócio da Influ, a antiga Influenza, afirmou que a empresa pretende retornar aos poucas, excluindo a possibilidade inicial de grandes eventos:

“Vamos voltar com cautela, sem focar em grandes públicos mas em inovação e criação de novas jornadas de entretenimento. Nossa ideia é ir retomando devagar até o final do ano e, no período do Carnaval, já iniciar projetos de grandes públicos e produções”, adianta.

Iniciando a nova fase do entretenimento – em um cenário pós-pandemia -, a R2.com.vc começa uma nova pegada. Em junho, a produtora anunciou que havia encerrado seus trabalhos por conta da ausência de eventos durante a pandemia. No mesmo mês, a empresa surgiu de cara nova, com ideias inéditas para transformarem seus eventos já conhecidos pelo público.

Bruno Sartório afirmou que a R2 usou o tempo ocioso sem os eventos para planejar melhor suas festas em um cenário pós-pandêmico. “Não nos arriscamos a fazer eventos ou disfarçar nossos negócios de outras coisas que não sejam eventos, nos preocupamos em criar produtos mais sólidos”, garantiu. “O que o público pode aguardar são eventos mais bem planejados, muito pensados em toda a jornada da Covid, e a R2 vai estar com vocês em vários pontos de contato durante seu dia, durante o ano inteiro”, prometeu Sartório.

Expectativas

Provando que estão animados para a retomada das festas, mesmo com todas as regras que ainda devem ser seguidas, Vinicius Gentil, produtor do grupo Funn, afirmou que o decreto de Ibaneis Rocha é uma grande vitória para o setor de festas do DF.

“Os profissionais da área de eventos podem considerar uma grande vitória depois de um ano e meio poder voltar a produzir e levar para as pessoas o entretenimento. Entendemos e acreditamos que para retomada é plausível toda cautela e cumprimento de todas as exigências, mas poder rever esse retorno nos traz uma grande esperança até mesmo para aqueles profissionais que ficaram parado todo esse tempo e buscou alternativas de sobrevivência. Estamos esperançosos e otimistas com esse retorno”, finalizou.

“Criamos mecanismos de controle de excesso, mobilização interna e até planta de evento. É tudo muito novo, tem que ser pensado, e temos que considerar a fase de teste. Porque testar, adaptar, melhorar, é um processo de aprendizado que vamos passar para nos adaptarmos as novas exigências”, concluiu Bruno Sartório.