Produtores culturais apostam na vacinação para reativar eventos no DF
O mais afetado dos setores durante a pandemia de Covid-19, o entretenimento terá retorno lento no segundo semestre de 2021
atualizado
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Os trabalhadores da cultura do Distrito Federal têm passado por maus bocados na jornada pandêmica que se estende há quase um ano. De lives-shows até eventos em drive-ins ou com cercadinnhos, produtores tentaram de tudo no ano passado para que a indústria do entretenimento não parasse por completo. Em 2021, a cautela fala mais alto e empresários do terceiro setor preferem aguardar o início da vacinação para lançar novos projetos.
Dono da AC Eventos, o produtor Aci Carvalho espera promover pelo menos dois grandes shows ainda em 2021: o Samba Prime, adiado em 2020 e previsto para acontecer em abril deste ano e O Encontro, também remarcado do ano passado para o próximo mês de maio. Mesmo que o pesadelo causado mundialmente pelo coronavírus tenha passado até lá, o brasiliense prevê ainda muitos desafios no pós-pandemia. “Acreditamos que a maior dificuldade será reconquistar o público. Demonstrar para as pessoas que há segurança sanitária. As pessoas querem voltar a socializar, de um novo jeito, claro, mas elas não aguentam mais ficar isoladas”, afirma Aci.
De acordo com Aci, desde o início da quarentena, os eventos foram tratados como os “grandes vilões da pandemia”, o que, na visão dele, foi um erro. “Todos os setores da economia estão funcionando com normas de segurança sanitárias, alguns, inclusive, com igual ou maior capacidade de transmissão. Porém, somente o nosso está proibido. São milhares de empregos e famílias desamparadas que poderiam estar trabalhando como os demais. Esperamos que em 2021 esse segmento retorne seguindo protocolos já sugeridos às autoridades e acatados por alguns municípios Brasil afora. O profissional da área de eventos tem tanto direito ao emprego e a renda como qualquer outro de qualquer”, ressalta.
O produtor João Felipe Maione também compartilha das opiniões de Aci e reitera que não há possibilidade de retomada de eventos antes da vacinação. “Primeiro pela falta de liberações do governo e, segundo, porque iniciativas como lives e drive-ins não se mostraram rentáveis para o setor. Estamos esperando uma sinalização dos governantes antes de confirmar a agenda deste ano”, explica o produtor cultural que, entre outros projetos, espera poder finalmente realizar a turnê do Balé Nacional da Rússia que passaria por Brasília e outras sete capitais em 2020 e foi adiado para maio de 2021.
Segundo Maione, houve uma grande injustiça com o setor que é responsável por quase 5% do pib brasileiro e gera mais de 2 milhões de empregos no país. “A gente não conseguiu ter nenhuma agenda positiva com o governo. Não conseguimos diálogo e, infelizmente, isso tem afetado milhões de pessoas, dos ambulantes até empresas prestadoras de serviços, que geram empregos diretos e indiretos”, salienta.
Mesmo com a promessa da vacina, Maione não é tão otimista sobre a volta de festas em 2021. “O mundo mudou e acho que as pessoas vão demorar para querer frequentar grandes aglomerações. Shows como a gente conhecia, só em 2022”, conclui.