Vistoria do Iphan aponta 10 problemas no mural de Volpi do Itamaraty
Na visita ao local, a restauradora Ana Cláudia Magalhães afirmou que a obra tem fissuras, riscos, manchas e respingos de tinta
atualizado
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O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou vistoria no mural “O Sonho de Dom Bosco”, pintado por Alfredo Volpi, localizado em uma sala do 2º andar do Palácio Itamarary. A restauradora Ana Cláudia Magalhães encontrou 10 problemas na pintura, atestando “que o painel encontra-se em mau estado de conservação, apresentando degradações no suporte e na policromia”.
No dia 23 de janeiro, o Metrópoles esteve no local e verificou que o desenho tinha respingos de tinta branca – derramados após uma reforma mal-sucedida do ambiente em 2013 – e diversas rachaduras.Na visita, que ocorreu em 1º de fevereiro, a especialista do Iphan confirmou a situação da obra que retrata o mito da criação de Brasília. Ela elenca problemas variados, como fissuras, riscos, abrasões, manchas generalizadas, respingos de tinta e sensibilidade ao toque.
Trecho do documento emitido pelo Iphan:
Apesar de concordar que o local possui muita incidência de luz e calor, a restauradora atestou no documento que diversas degradações (como os riscos e as manchas) parecem ter sido causadas por falhas e ações humanas.
Ana Cláudia Magalhães concluiu que os problemas “comprometem a dimensão estética da obra”. A restauradora pediu para que fosse realizada uma “intervenção no painel” e pede para “que seja terminantemente proibido qualquer tipo de contato manual com a peça, por parte de visitantes ou de pessoas responsáveis pela limpeza do prédio”.
Confira alguns registros apresentados pela restauradora:
Apesar da visita comprovar a falta de conservação da obra, o Iphan não exigiu um prazo para o restauro, pois, de acordo com a instituição, “não é uma contratação simples”.
“O Sonho de Dom Bosco” possui grande valor artístico. Além de contar o mito da fundação de Brasília, em que o sacerdote teria sonhado com o lugar da nova capital brasileira, o afresco é o único trabalho de Volpi tombado individualmente pelo Iphan.
O presidente do Instituto Volpi, Pedro Mastrobuono, afirmou ao Metrópoles que a diretora do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Paula Alves de Souza, entrou em contato para pedir a indicação de um restaurador especializado em obras do artista.
Apesar de não darem uma data para o início da restauração por “falta de previsão orçamentária”, a diretora afirmou ao Instituto Volpi que os trabalhos terão caráter de “urgência” e que devem “começar o quanto antes”.
O Metrópoles entrou em contato com o Itamaraty, que ainda não se pronunciou sobre o caso.